E se o sol não nascer amanhã?
- Gile
- 22 de set. de 2017
- 5 min de leitura
Atualizado: 11 de set. de 2023

“Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna.” (Tiago 4.13-16, grifo acrescido). Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. A pergunta de Tiago é, obviamente, retórica. Ele sabe que nossa vida nada é. Em verdade, Deus diz que somos menos do que nada! (Isaías 41.24) Eu não sei quanto a você, mas eu tenho um problema com lugares desorganizados. Não consigo fazer coisa alguma em qualquer lugar em que as coisas estejam fora de lugar. Ao chegar, a primeira coisa que faço é colocar cada objeto em seu devido lugar. Creio que seja isso que devamos fazer aqui. Vamos colocar o ser humano em seu devido lugar; então, poderemos analisar melhor a situação. Vivemos em um mundo antropocêntrico. É interessante como, mesmo após tanto tempo, o discurso da serpente ainda é o mesmo – vocês serão como Deus (Gênesis 3.5). E algo pior ainda ocorreu – a humanidade creu! Isso mesmo, o homem escolheu voluntariamente crer na serpente a crer no Criador! Em nosso mundo, o homem crê ser o centro, ignora Deus e vive de modo autossuficiente. Ele realmente acredita nisso. O trecho desta canção pretensamente “cristã” expressa bem o sentimento mundano da humanidade:
“Me dice que me busca cuando salgo yo a pasear (Diz-me que me procuras quando saio a passear) Que ha hecho lo que existe para llamar mi atención, (Que fez tudo o que existe para chamar minha atenção) Que quiere conquistarme y alegrar mi corazón (Que quer conquistar-me e alegrar o meu coração)” Agora, veja o que diz Salmos 19.1-6 sobre o propósito da criação: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo. Aí, pôs uma tenda para o sol, o qual, como noivo que sai dos seus aposentos, se regozija como herói, a percorrer o seu caminho. Principia numa extremidade dos céus, e até à outra vai o seu percurso; e nada refoge ao seu calor.” Longe de existir para nos “chamar a atenção” ou de “querer nos conquistar”, como se fôssemos o centro do universo e o próprio Deus estivesse a nos buscar e se dobrar diante de nós – a criação existe para glorificar o verdadeiro centro de tudo: DEUS! Não, não somos o centro do universo. Deus é o centro, e não apenas do universo mas de tudo o que há – seja físico ou espiritual. “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.” (Colossenses 1.13-18) Veja que panorama distinto daquele que domina em nossos dias – a Escritura revela que estávamos escravizados pelo pecado (não, Deus não estava correndo atrás de nós como se fôssemos necessários a Ele!). E o Senhor, misericordiosamente, fez-nos um favor: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados”. E mais, a Escritura revela que em Cristo “foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades”. E ela segue: “tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.” Tudo! Não, Deus não precisa de nós. Não, Ele não está tentando nos “chamar a atenção”! Muito diferente disso, Ele nos fez um impagável favor (graça!) - nos livrou de nossos pecados e nos oferece um caminho diferente de nossa atual rota de destruição. Façamos um rápido exercício de comparação de grandeza – nós: “menos do que nada” (Isaías 41.24); Deus: “primogênito de toda a criação”, Aquele em que “foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis”, “é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste”. Não, acho que não estamos no mesmo patamar! Agora que colocamos as coisas em seus devidos lugares e desconstruímos a prepotente ideia antropocentrista ora reinante no mundo secular, podemos compreender o que Tiago tenta nos ensinar. Não podemos ter certezas a respeito de muitas coisas sobre o futuro. Exceto que haverá julgamento para a humanidade (“conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino” - 1 Timóteo 4.1); que nenhum de nós viverá para sempre neste mundo. Somos arrogantes ao fazermos planos crendo que eles ocorrerão indubitavelmente! Não me interprete mal, não sou contra a confecção de planos. Devemos, de fato, preparar-nos para a aposentadoria, a velhice vem para os que não morrerem antes. Mas não há garantias de que viveremos para tanto. Entenda: “O cavalo prepara-se para o dia da batalha, mas a vitória vem do SENHOR.” (Provérbios 21.31) Além disso, “o coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do SENHOR.” (Provérbios 16.1) É mais fácil nos iludirmos crendo que não somos pecadores, que somos “boas pessoas”, já que aos nossos próprios olhos não nos vemos culpados diante de Deus (eu também nunca vi um criminoso na cadeia admitir seus crimes – “é culpa da sociedade” - eles dizem!). Mas aprenda: “todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o SENHOR pesa o espírito.” (Provérbios 16.2) Então, o que devemos fazer? “Confia ao SENHOR as tuas obras, e os teus desígnios serão estabelecidos.” (Provérbios 16.3) Deus é um deus de propósito: “o SENHOR fez todas as coisas para determinados fins.” (Provérbios 16.4) Não é destino ou sina. É o propósito de Deus e a vontade humana tomando decisões. Pare de se autojustificar, admita sua miséria e seus erros e, finalmente, “entrega o teu caminho ao SENHOR, confia Nele, e o mais Ele fará.” (Salmos 37.5) E, nunca se esqueça de perguntar: e se o sol não nascer amanhã?
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