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Às portas das Bodas

  • Gile
  • 2 de nov. de 2017
  • 5 min de leitura

Todas as vezes que assisto a filmes sobre a Tribulação percebo os mesmos equívocos – o mundo periarrebatamento é cheio de cristãos e muito menos contaminado pela iniquidade do que aquele descrito pela Escritura como o lugar onde o anticristo há de governar.

Além disso, ele é muito menos avançado tecnologicamente do que deveria ser. Na verdade, no presente tempo, já temos mais tecnologia disponível e distribuída em massa do que em qualquer filme tribulacionista.

É interessante notar o otimismo daqueles que se lançam no exercício de dramatizar os dias finais da humanidade como a conhecemos. Assim como é fácil perceber que parecemos não ter em mente alguns pontos cruciais sobre aqueles dias.

Vejamos alguns aspectos dignos de destaque no que toca àqueles dias. O primeiro ponto a se salientar é algo pouco lembrado em todas essas películas, um importante título do anticristo – a Escritura o chama de “o homem da iniquidade” (2 Tessalonicenses 2.3-4). Mas o que isso nos revela sobre ele? E, mais importante ainda, o que isso nos diz sobre os que serão governados por ele?

Examinemos o texto supracitado:

“Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.”

A que se refere o “isto não acontecerá sem que primeiro”? O “isto” do verso 3 refere-se ao evento citado no verso 1 de 2 Tessalonicenses: “Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele”. Ou seja, o arrebatamento da Igreja.

Este marcante evento não ocorrerá “sem que primeiro venha apostasia e seja revelado o homem da iniquidade” (grifo acrescido). Virá apostasia e será revelado o anticristo a nível mundial, e então, a Igreja será arrebatada, sem que tenha esta que padecer no reinado iníquo do último império humano (1 Tessalonicenses 1.10).

São marcas daqueles dias (i.e., aqueles dias podem ser reconhecidos por) apostasia generalizada e o surgimento no cenário político mundial de um homem absolutamente iníquo. Ambos eventos estão conectados à medida que compreendemos que a Igreja de Cristo – o meio no qual o Espírito Santo vive neste mundo – é o sal da terra e a luz do mundo (Mateus 5.13-16). Ela é o único freio para a descida espiritual. Quando ela abandona a fé no Deus vivo da Bíblia e se prostitui com as iguarias do mundo, não há mais nada que impeça o mundo de descer a ribanceira da iniquidade, o freio não existe mais. Eu não estou falando de abandono institucional, a Escritura relata abandono à fé em Cristo Jesus – mais especificamente, a “doutrina dos apóstolos” (Atos 2.42). E quando diz “doutrina dos apóstolos” refere-se aos ensinos de Cristo aos apóstolos e através destes. Ou seja, à própria doutrina de Cristo registrada na Bíblia Sagrada.

Haverá um abandono aos ensinos bíblicos, o que conduzirá o mundo a um padrão de depravação espiritual nunca antes visto na história da humanidade. Neste cenário de absoluta iniquidade reinante, surge um líder que se alinha ao padrão global de iniquidade – o anticristo, “o homem da iniquidade” - já que “cada povo tem o rei que merece”!

Portanto, serão aqueles dias de grande apostasia por parte daqueles que em algum momento viveram a fé em Cristo, e de iniquidade global profunda e nunca antes experimentada pela humanidade.

Este é um ponto pouco lembrado quando se fala sobre os últimos dias. Toda prática contrária a Palavra de Deus - desde fornicação heterossexual, passando por homossexualismo, pedofilia, transgenerismo, adultério, aborto livre e comum, palavrões como regra de linguagem, assassinatos e outros crimes semelhantes, tortura, desrespeito aos idosos e aos pais até o inimaginável. Tudo será aceito e se tornará regra, exceto a Palavra de Deus. Esta será detestada e perseguida de modo implacável por aqueles que praticam e aprovam tudo o que esta condena.

A única regra daqueles dias é ser contra os ensinos de Deus, o restante está liberado.

Outro ponto importante é a tecnologia, que será útil para que o anticristo possa exercer seu governo global desde a nova Babilônia – sua capital global.

Este governo global só será possível, porque haverá meios de controle global qual nunca antes. Estes meios são tecnológicos, recursos que – até então – não nos estavam disponíveis. Portanto, deve haver avanço tecnológico tal que permita ao anticristo manter o controle absoluto sobre tudo o que ocorre no planeta e em tempo real.

Isso explica porque em menos de 200 anos saímos da luz de velas para o wireless charging, biometria e reconhecimento facial complexo em smartphones. Agora, é possível compreender porque temos o mundo todo a um simples toque. A informação viaja, neste tempo, mais rápido do que a luz, o que certamente será útil na doutrinação em massa que será lavada a cabo por aqueles que conduzirão o mundo ao governo do anticristo.

Outro ponto que parece inexistir na mente da maioria dos cristãos quando conversamos sobre aqueles dias finais é o imenso número de arrebatados. Parece que o texto de 2 Tessalonicenses 2.3 foi esquecido.

Relembremos então: “porque isto [i.e., o arrebatamento da Igreja] não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia”.

Se apostasia – o abandono da fé da imensa maioria dos crentes em Cristo – será anterior ao arrebatamento, como teremos grande número de arrebatados a ponto do mundo mergulhar no caos devido a falta que tantos indivíduos farão ao subitamente desparecerem?

O próprio Jesus disse: “Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lucas 18.8)

Se já há crescente e imensa dificuldade em ser cristão nos nossos dias, quanto mais naqueles que serão os mais iníquos de todos os tempos!

O número dos arrebatados - que estarão vivos e serão transformados - será tão pequeno que sequer suscitará questionamentos por parte do mundo, passará despercebido como mais um caso de desparecimento. Pensarão eles, sequestro ou morte acidental em local incerto e ermo.

A história da Igreja sempre ocorreu em ciclos – e quando uso aquele termo, tenho em mente a definição bíblica de “corpo espiritual de Cristo” (Romanos 12.4-8) e não a visão corrente de “instituição religiosa”. Primeiro, um grande avivamento no dia de Pentecostes; seguido, quase que instantaneamente, de grande perseguição. Três séculos após, a perseguição de fora tornou-se ataque interno, ao tentar usurpar o nome da Igreja e redefini-lo. Os perseguidores pensaram - se não podemos derrubá-la de fora, tentemos nos infiltrar a fim de contaminá-la por dentro de suas portas.

Surgiu, então, o institucionalismo religioso, o maior ataque movido contra a verdadeira noiva de Cristo. O Edito de Tessalônica foi o maior golpe ao corpo de Cristo, e - ainda hoje - confunde muitos cristãos.

Foi somente 12 séculos depois, que – após muito sangue inocente derramado sob o fogo da perseguição – a luz invadiu as trevas trazendo as novas de salvação em grande escala. Cristo sempre teve um povo Seu, agora, este povo se multiplicou como não se via há mais de mil anos.

Contudo, este novo florescer da Igreja não se veria livre de novo ataque dos inimigos de Cristo. Ano após ano, o institucionalismo voltava a golpear o corpo de Cristo com falsas doutrinas e apostasias.

Um novo clima de reavivamento se viu nos séculos XVIII, XIX e início do XX. Mas esse fogo logo foi sufocado pela lassidão espiritual.

Não vimos novo alvorecer avivalista desde o início do século XVIII, e creio eu - pelo exame dos eventos cíclicos da história da Igreja e pelo exame dos eventos finais da humanidade revelados na Bíblia - que não teremos nova grande onda avivalista; mas, como antes citado em 1 Tessalonicenses 1.10, apostasia. E justamente para isto caminhamos. As labaredas de avivamento e movimentos de santidade do século XVIII se converteram em quase imperceptíveis centelhas neste início de século XXI.

Ouvimos o som de passos aproximando-se da porta, Ele caminha decidido e suave, o som aumenta...

Sim, amados, estamos às portas das Bodas do Cordeiro; estejamos preparados!

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