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Música com um propósito

  • Gile
  • 24 de jun. de 2018
  • 2 min de leitura

(Escrito em 13/12/2011)

O humanismo acredita que os dons são características espontâneas do ser humano, são potencialidades que surgem nos indivíduos como manifestação da maturação das sociedades. O cristianismo claramente vê os dons como presentes de Deus ao ser humano, e eles têm um claro objetivo – louvar Aquele que os deu.

No mal uso dos dons dados por Deus, permitimos que a criatura fosse louvada em lugar do criador; aceitamos adorar o imperfeito, pelo dom que nada fez para merecer, em vez de glorificarmos o perfeito e eterno merecedor de nossa gratidão.

Repetimos, assim, o erro de Adão no Éden: demos ouvidos ao engodo da serpente, sereis como Deus. Ledo engano! Infelizmente, não somos melhores do que Adão.

Com sua música, Yo-Yo Ma[1] sequer arranha a superfície do ser humano; contudo, o anônimo violoncelista da pequena orquestra da igreja humilde, ao tocar suave e prontamente as cordas de seu instrumento, alcança o mais íntimo do ser humano, até o mais profundo da alma humana. Nem em seus melhores sonhos, os acordes perfeitos do solista franco-americano poderiam chegar tão longe, e por uma simples razão – aquilo que os diferencia: propósito.

O primeiro faz da música um fim em si mesma; o segundo, um meio para louvar Aquele que a criou.

Fazer da música um fim em si mesma é como usar um bisturi para cortar pão e besuntá-lo com manteiga. Esse instrumento foi criado para um propósito muito maior – salvar vidas. Música pela música serve apenas aos interesses do próprio músico, exaltar aquele que a executa.

Já a música para glorificar a Deus é como uma faca utilizada para uma cirurgia: nas mãos certas e no propósito mais nobre, ela pode ser muito mais do que habitualmente fazemos dela. Ela se torna um instrumento para a glória de Deus. Quem a executa desaparece ante o propósito sublime a que se propõe: adorar o excelso criador, a Ele é dada a devida atenção (finalmente!). Ele se torna o centro das atenções em vez de o ser um mero vaso de barro.

Há, ainda, algo que a música aprendida em The Juilliard School[2] não pode fazer, transformar o ser humano. Somente a música como um meio pode ser um instrumento que Deus utiliza para convencer o pecador, a mensagem tocada do Evangelho é tão poderosa quanto o Evangelho falado, pois ainda é o Evangelho – “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1.16).

Os holofotes, então, são desviados da criatura imperfeita e são direcionados ao perfeito criador. O mais digno objeto de culto é, finalmente, cultuado. A ordem natural de tudo é restaurada.

A Ele – e não a reles mortais, que o vento dissipa – a glória devida nas maiores alturas, e para todo o sempre, amém!


1. Violoncelista franco-americano considerado um dos maiores músicos de todos os tempos.

2. The Juilliard School é uma escola de música e dramaturgia com sede em Nova Iorque. Formou alguns dos mais expressivos músicos da história recente. É considera um centro de excelência mundial no ensino das artes musicais e cênicas.

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