Andando em Espírito: uma vida de milagres!

Paulo, escrevendo - em 2 Coríntios 5.7 - à Igreja em Corinto e na Acaia (2 Coríntios 1.1), discorre sobre o desejo de estar com Deus, deixando o físico e sendo revestido pelo espiritual, habitando eternamente com Deus. Em certo ponto, revela a vultosa esperança daqueles que ainda aguardam nosso Senhor vir: “Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor” (1 Coríntios 5.6). A razão deste “bom ânimo” é descrita no verso seguinte, veja - “visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (5.7).

Paulo resume o desejo de estar com Deus comparando-o a um gemido - “E, por isso, neste tabernáculo [i.e., neste corpo físico], gememos, aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial [o corpo espiritual ressurreto que teremos no céu]” (5.2).

A seguir, condiciona esta ida ao céu a um pré-requisito - “se, todavia, formos encontrados vestidos e não nus” (5.3). Ser encontrado vestido e não nu, significa estar revestido pela justiça de Cristo, uma vez que nossos atos pessoais de justiça, por melhores que sejam para os padrões humanos, são, na verdade, “como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam” (Isaías 64.6). Em suma, significa confiar no que Cristo fez por nós, confiar em Sua justiça e pureza ao invés da nossa.

Escrevendo aos Romanos (13.14), clarifica o assunto: “mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”. A condição de revestir-se do Senhor Jesus Cristo é posição diametral a dispor-se para a carne no tocante às suas concupiscências. Revestir-se de Cristo é tomar sobre si a Sua justiça, disponibilizada a nós desde a Cruz do Calvário, e andar como Ele andou por estar revestido dele (1 João 2.5,6).

E, novamente, aos Colossenses 3.10,11 (grifo acrescido) retoma a figura de Cristo como nossas novas vestes: “e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos”.

Na Epístola aos Gálatas (3.26,27), mais uma vez, emprega a mesma metáfora das vestes: “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes”.

Escrevendo à Igreja em Laodiceia, o Espírito afirma - “pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas” (Apocalipse 3.17,18; grifo acrescido).

Este é um claro alerta àqueles que confiam em seus próprios atos de justiça, caso permaneçam a fazê-lo, naquele dia, serão achados nus, terão a vergonha de sua nudez [obras imperfeitas] expostas!

Aqueles, portanto, que se revestiram de Cristo andam “por fé e não pelo que” veem. Tal atitude os faz ser guiados pelo Espírito, já não estão a se autogovernar, mas a serem conduzidos pelo capitão em que confiam. Deus é este capitão, Ele os guia. Estão andando em Espírito - pelo Espírito!

Andar em Espírito conduz, naturalmente, a uma vida de milagres. Milagres são o resultado da vida em Espírito:

“Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados. De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus. E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam” (Marcos 16.16-20).

E é disso que Paulo está falando em 1 Coríntios 5.7, “visto que andamos por fé e não pelo que vemos”. Parafraseando Paulo: vivendo em Espírito, e não como carnais, somos conduzidos a uma vida de milagres, por fé, além da visão física humana.

Ser guiado pelo Espírito significa deixar o peso da responsabilidade de tomar as próprias decisões e entregá-lo a quem conhece todas as coisas e nos ama profunda e perfeitamente. É aliviar-se das próprias bagagens de preocupações e ver Deus agir diariamente. É o cotidiano incomum, é o poder do Reino agora!

É um passo corajoso, pois todos gostamos de tomar as rédeas da própria vida e decidir o próprio rumo. Mas Cristo nos chama a algo mais corajoso - entregarmos tudo isso a Ele e confiar em Suas promessas, todos os dias!

Isso é segui-lo, e é sobre isso que Ele fala quando diz: “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?”. (Lucas 9.23-25)

É sobre esse sentimento que Paulo está falando quando escreve:

“Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos.” (Filipenses 3.7-11)

A maioria das pessoas escolhe tomar suas próprias decisões ao invés de submetê-las a Deus. São como ovelhas que querem conduzir-se, certamente cairão no barranco!

“Estes homens são como... pastores que a si mesmos se apascentam..., estrelas errantes, para as quais têm sido guardada a negridão das trevas, para sempre”. (Judas 1.12,13; grifo acrescido)

Não por acaso, Jesus é chamado de “o bom pastor” (João 10.11). Ele assume sua identidade divina ao associar-se à figura do bom pastor, tal qual o Pai fez no Velho Testamento (“Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar, diz o SENHOR Deus” - Ezequiel 34.15; “O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará” - Salmos 23.1).

Além disso, ele promete condução pelo caminho seguro, somente o pastor sabe qual o melhor e mais seguro caminho, as ovelhas entregues a si mesmas acabam por morrer de inanição, predadas por feras do campo, queda da penha e outros males. Não há caminho seguro fora da condução do Pastor e Bispo da nossa alma! (1 Pedro 2.25; 5.4)

Andar em Espírito é mais do que uma recomendação, é uma ordenança de Deus: “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne”. (Gálatas 5.16) E a razão do porquê devermos fazê-lo encontra-se no próprio texto: "e jamais satisfareis à concupiscência da carne". Essa concupiscência da carne é a fonte de oposição ao governo de Cristo em nós - "Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer". (Gálatas 5.17)

Guiar a si mesmo é perda quando comparado ao privilégio de ter o Manso Pastor a conduzi-lo. Ninguém pode guiá-lo melhor do que Cristo, nem mesmo você!

Muitos querem milagres, simplesmente porque se depararam com uma situação que, humanamente, não pode ser resolvida. Precisam para ontem a solução de um problema criado hoje! Mas esses mesmos recusam-se a seguir os parâmetros de Deus para essa solução e a entregar a Ele a direção de suas próprias vidas. Querem os milagres, contudo não desejam andar em Espírito!

Entretanto, é justamente esse estilo de vida de condução sobrenatural por Cristo que nos leva a uma vida de milagres (Marcos 16.17,18). Os milagres estão para aqueles que andam em Espírito tal qual a azeitona para a oliveira. Nada mais natural do que oliveiras produzirem azeitonas; nada mais natural do que espirituais serem supridos sobrenaturalmente por Deus - são os frutos da submissão a Deus. E deles só provam os que, primeiro, submetem-se integralmente ao Senhor em todas as coisas!