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Carta ao jovem cristão

  • Gile
  • 22 de set. de 2019
  • 2 min de leitura

“Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração. (...) Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio; melhor é o paciente do que o arrogante.”

(Eclesiastes 7.2,8)

“Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, neste tabernáculo, gememos, aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial; se, todavia, formos encontrados vestidos e não nus. Pois, na verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito.”

(2 Coríntios 5.1-5)

Um dia, estava velho. O tempo havia passado, vivia em avançados dias. Ao olhar no espelho, vi rugas em meu rosto; meus cabelos eram grisalhos; meus olhos, escurecidos; meu vigor, abatido - era senil.

Meus dias se passaram como penas lançadas ao vento – não poderiam ser recolhidos e guardados novamente. As penas que se foram, já se foram; e não voltarão jamais. Os dias passados não tornarão.

Caminhei pelo quintal, vi as flores e árvores; e em cada uma delas, uma lembrança. Nas escadas, na calçada e no muro: um fragmento de tempo. Descobri, então, que minha casa era parte da minha história.

Abri o portão, dei um passo em direção à rua. Olhei a calçada. Vi as casas ao lado. Lembrei-me dos que se foram e dos dias que foram vividos. E entendi que aquilo não era uma rua, era história, a minha história.

Então desci a rua e encontrei pessoas que não conhecia, transportando sua mobília para uma casa próxima – gente que vai e que vem, tempo que passa. Percebi que a minha geração, quase toda, já se havia ido. Somente eu ainda estava aqui, e – por certo – logo haveria de partir.

Naquele instante, eu me arrependi do tempo desperdiçado, dos dias jogados fora, das pessoas que não amei, dos abraços que não dei, das orações que não fiz, das vezes que me calei quando poderia ter compartilhado do amor de Deus, das vidas que se foram e se perderam embora as pudesse ajudar.

Mas agora era tarde e eu estava arrependido. Senti uma dor no peito; caí de joelhos; vi o céu diante de mim, azul cintilante e algumas nuvens passando. De repente, tudo escureceu, não vi mais nada. Então, acordei. Finalmente, estava em casa.

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