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Não confunda andar com Jesus (Mt 9.9; Jo 6.2) com andar com Jesus (1 Jo 2.6)

  • Gile
  • 4 de mai. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 12 de out. de 2020


Em Mateus 9.9 e João 6.2, andar com Jesus ou seguir Jesus está expresso em seu sentido literal, físico. Ou seja, literalmente, caminhar – fisicamente – próximo dele, num aspecto de proximidade geográfica.

Já em 1 João 2.6, apresenta-se sob a ótica figurada. I.e., proceder da mesma forma que Ele procedia, apresentar o mesmo caráter e ações de Cristo.

E por que isso é tão importante? Porque podemos caminhar próximos de Cristo (João 6.2), num sentido religioso - praticando rituais e sob rótulo "cristão" - mesmo vivendo sem expressar o caráter de Cristo, sem "andar como Ele andou" (1 João 2.6).

Em Atos 11.25,26; são, pela primeira vez, chamados de cristãos aqueles que conheciam e obedeciam os mandamentos de Cristo (Mateus 7.24,25; João 13.35):

"E partiu Barnabé para Tarso à procura de Saulo; tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos".

Os habitantes de Antioquia assim nomearam os discípulos de Jesus por observarem neles tudo aquilo que Cristo ensinou (João 14.21). Era patente a todos que eles eram seguidores de Cristo, não porque os discípulos assim se autoproclamassem, mas porque os de fora do caminho perceberam a clara semelhança nas atitudes daqueles.

É como diz o adágio, “falar, até papagaio fala”! Palavras – pura e simplesmente – não significam nada, se não forem acompanhadas de um testemunho de vida que comprove a verdade de seu conteúdo (Tiago 2.14-17). Não que o testemunho salve, o que salva é a fé genuína, e o verdadeiro teste de veracidade da confissão verbal é o testemunho pessoal.

Se alguém disser que se importa com os demais, mas agir com indiferença; de que adiantará tal fala?

O que se diz é importante, pois o anúncio verbal é um ato per se e revela o conteúdo do coração:

“Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12.34).

Entratanto, quando Jesus disse isso, referia-se ao conteúdo total da fala e não a uma frase isolada. O que Ele tensionava demonstrar é que o exame do conteúdo verbal total de alguém revelará suas ambições, sentimentos, intentos – i.e., de que está cheio seu coração.

Portanto, autoconceber-se cristão por pertencimento a uma denominação religiosa ou grupo cristão não o qualifica, por si só, como tal. É preciso praticar as obras de Cristo caso queiramos ser seus discípulos. Obviamente, que conhecer seus ensinos é passo primordial e condição sine qua non para tanto. Contudo, apenas conhecer Seus ensinos e não praticá-los de nada adiantará (Mateus 7.26,27).

Cristo já não está – corporeamente – entre nós (João 14.12). Porém, deixou-nos seu Santo Espírito (João 14.25,26; 1 Coríntios 1.21,22; Colossenses 1.27 1).

Este Espírito é Deus. E ensinará a todo o que assim desejar (João 16.7-11):

"Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado".

Além de nos ensinar todas as coisas, também nos fará lembrar de tudo o que Jesus já nos ensinou em Sua Palavra (João 14.25,26):

"Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito".

O Espírito Consolador é o mestre do cristão, é o ímpeto por trás de cada ação bíblica e de semelhança a Cristo. Não é mera coincidência que os discípulos tenham sido chamados cristãos em Antioquia. É o resultado da ação eficaz do Espírito Santo de Deus em corações receptivos à Sua operação. Não O vemos – fisicamente – em nosso meio, como os cristãos em Antioquia também não O viam. Mas todos sabiam que Ele estava ali, inclusive os não-cristãos, pois o viver dos discípulos o denunciava. E isso, meus amigos, é – genuinamente – andar com Cristo!


1 Nota: Cristo em vós. Neste contexto, refere-se ao representante da divina Trindade vivendo em nós – o Espírito Santo – aquele que habita em nós, uma vez que o próprio Cristo já havia sido assunto ao céu. Cristo vive em nós pelo Seu representante nesta dispensação – o Espírito Santo – da mesma forma que o Pai viveu entre o Seu povo de Israel através do Filho, Aquele enviou Este como Seu representante para salvar a humanidade. Por isso a Escritura usa a expressão "Espírito de Cristo" para o Espírito Santo em Romanos 8.9 e 1 Pedro 1.11.

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