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Felicidade

  • Gile
  • 13 de mai. de 2020
  • 5 min de leitura

Atualizado: 12 de dez. de 2020

O que é felicidade? Em seu sentido etimológico, tem origem no latim felicitas, e diz respeito a uma condição de produtividade, bem-aventurança ou felicidade divinamente inspiradas. O termo latino felicitas deriva do adjetivo latino felix – é, portanto, uma substantivação – significando frutífero, abençoado, de boa sorte, algo ou alguém que produz muito ou logra êxito sob auxílio divino. Felicitas era também uma divindade romana, a divindade da boa sorte.

Em nossos dias, felicidade ganhou uma nova conotação. Veja como o dicionário Priberam1 a define: "concurso de circunstâncias que causam ventura", "tendência para acontecimentos positivos ou favoráveis". O dicionário online Dicio2 a define como uma "sensação real de satisfação plena; estado de contentamento, de satisfação; condição da pessoa feliz, satisfeita, alegre, contente".

Você é capaz de perceber a sutil, mas importante, mudança no significado de felicidade? Em Roma, ela dependia do auxílio da divindade para ocorrer, ou assim eles o criam ser necessário – e nunca ocorria! Nos dias atuais, não é necessário nenhuma força externa, ela apenas acontece – ou deveria acontecer!

E de onde ela viria que nos torna plenamente satisfeitos? Como do nada obtemos tal sentimento “autoexistente”, que do nada vem e ao nada vai?

Na verdade, não obtemos! Felicidade sem motivação é uma grande bolha de sabão prestes a romper-se. E quando o faz, suas diminutas moléculas invisíveis dissolvem-se entre as outras, permanecendo em suspensão na atmosfera.

O homem moderno vive a equilibrar um elefante sobre um alfinete. Ao sabor do menor dos reveses, o elefante perde o equilíbrio, espatifando-se com estrépito ao chão. A poeira sobe, o ruído espalha-se, a confusão se faz e a vida – qual castelo de cartas – desmorona sobre seu frágil fundamento.

Estou falando de você. Estou falando do modus vivendi do qual faz parte e escolheu existir.

E-S-C-O-L-H-E-R. Adoro essa palavra!

Então, de onde a verdadeira felicidade vem? Onde a obtenho que, seja uma brisa ou um ciclone, não a derribam de seu lugar em mim?

Voltemos ao seu significado: frutífero, abençoado, de boa sorte, algo ou alguém que produz muito ou logra êxito sob auxílio divino.

Isso me faz recordar de algo:

"Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. Outra parte caiu entre os espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram, e não deu fruto. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu, produzindo a trinta, a sessenta e a cem por um. E acrescentou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça". (Marcos 4.3-9)

Um semeador, uma semente e vários distintos solos. Imutáveis são o semeador e a semente; portanto, o fator definidor dos diferentes resultados de produtividade, aqui, devem-se – indubitavelmente – ao solo!

A semente é boa, o semeador é habilidoso. Mas o solo… Esse é o problema. Ser frutífero depende da boa semente lançada, o bom semeador a possui; mesmo assim, encontrá-lo ainda não garante felicitas.

Por quê?

Pois distintos solos produzem diferentes resultados.

“em solo rochoso… porém, o sol, a queimou;

entre os espinhos… e não deu fruto.

em boa terra e deu fruto… produzindo a trinta, a sessenta e a cem por um.

… Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.

Diferentes solos falam de diferentes disposições interiores. Um coração aberto a receber a semente do Evangelho, será capaz de produzir abundantemente. Ao passo que um coração incrédulo e resistente à voz de Deus através da Bíblia, matará – com a dureza de sua indiferença – a semente da mensagem de Deus.

Neste caso, vejo-me obrigado a questionar: Qual o estado de seu coração? Como está seu solo, pronto para receber a semente ou seco?

Felicidade não é o que você tem, mas o que se torna quando recebe a semente adequada. Ela não existe à parte de Deus. Sem Ele, não há semente nem semeador. E, por conseguinte, fruto. Quando você entende isso, tudo ao seu redor muda de significado.

Outro termo que traduz felicitas é boa “sorte”. O Salmista define bem o sustentáculo de sua “sorte”: “O SENHOR é a porção da minha herança e o meu cálice; Tu és o arrimo da minha sorte” (Salmos 16.5; grifo acrescido).

Em suma, voltamos ao princípio, sob divina inspiração obtemos prosperidade espiritual, fertilidade e boa “sorte”. Felicitas. Felix. Somos bem-aventurados.

Não sem divino auxílio. Não esperando – futilmente – em nós mesmos. O homem moderno espera de si aquilo que não pode gerar: um solo sem semente nem semeador, que acredita inutilmente produzir em abundância, num futuro próximo. É aguardar que a terra não semeada, nem preparada, produza. É ilógico e inútil crer desse modo. Contudo, nossos contemporâneos o fazem, e sem nenhum medo de aparentar ignorância, altivez ou ingenuidade.

Ser o solo apto a receber a semente – de modo que produzamos “a trinta, a sessenta e a cem por um” – é uma escolha. Tudo depende do que você quer ser. E, por consequência, ser feliz – ou não – torna-se uma escolha.

Se você decide acreditar no Evangelho – a boa semente laçada – e persevera em obedecer aos mandamentos de Cristo (o semeador), torna-se o solo adequado, que produz abundantemente. Se elege a incredulidade; torna-se seco e espinhoso, infértil e espiritualmente morto.

Crer – e seu fruto, obedecer – é uma escolha.

Noé parecia um tolo, construindo uma arca no meio do deserto; então, começou a chover. Seus contemporâneos descrentes do temporal prestes a surgir, resistiram à mensagem do patriarca. Aqueles tiveram uma escolha, entretanto decidiram mal. O resultado foi a morte de toda aquela geração, exceto a de Noé e sua família.

Felicidade não é um fim em si mesma. Trata-se de viver em Cristo, para produzir muitos frutos. Contudo, estar em Cristo – e, portanto, ser feliz – é, e sempre será, uma escolha que só você pode tomar.

Deus prometeu jamais destruiu o mundo com água novamente (Gênesis 9.11). Contudo, um temporal e grandes saraivadas de fogo aproximam-se do mundo inteiro – a Escritura o chama de “vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira” (Apocalipse 14.10).

Na antiguidade, costumava-se misturar o vinho (fermentado – i.e., alcóolico – ou não) à água, para que aquele não tivesse sabor ou resultados tão fortes ao ser ingerido. O vinho (alcóolico ou não) era considerado muito forte para ser bebido sem mistura. Mas a ira de Deus se derramará pura e forte, sem ser diluída em água, sobre todos aqueles que – neste momento, e durante toda a história da humanidade – escolheram recusar crer na Palavra de Deus.

A felicidade nunca mais será acessível a eles. E eliminá-los da face da Terra é necessário para que os discípulos de Cristo possam desfrutar da paz a que os ímpios não podem obter, e que tampouco desejam que desfrutem os crentes em Cristo.

Uma escolha sempre traz o peso das suas consequências.


1 "felicidade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/felicidade [consultado em 12-05-2020].


2 "felicidade”, in Dicio Dicionário Online da Língua Portuguesa, 2009-2020, https://www.dicio.com.br/felicidade [consultado em 12-05-2020].

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