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Culpa: O Alarme de Incêndio da Alma

  • Gile
  • 27 de mar. de 2021
  • 6 min de leitura

Atualizado: 10 de abr. de 2021


O que você preferiria, um abraço ou um tapa?

Evidentemente, a maior parte de nós diria – um abraço, é claro! Mas e se estivesse incontrolavelmente unido a um fio, do qual centenas de volts e uma alta corrente traspassassem seu corpo? Um abraço o salvaria? Recusaria a sacudidela que o lançaria para longe da fonte de eletricidade, salvando sua vida?

Agora, retorne à primeira pergunta e reflita se sua resposta mudaria. A minha, mudaria. Eu diria que, a depender da situação, posso preferir um tapa!

A compreensão do contexto faz a atitude em relação à pergunta mudar. Então, por que deixamos a religião psicológica nos dizer que sempre o abraço é a resposta? Qual o motivo de ainda darmos ouvidos àqueles que querem censurar os que sabiamente afirmam – “às vezes, um empurrão é a única coisa que pode salvá-lo”?

Seriam estes seres insensíveis ou sábios experientes? Eu fico com a segunda opção.

Apliquemos esse princípio à culpa. Será que ela sempre é um problema? Ou será que é apenas uma conseqüência dele? Seria capaz de culpar o salva-vidas se este o golpeasse, enquanto você se debate, a fim de poder resgatá-lo?

Irritar-se-ia pelo penetrante som do alarme de incêndio, soando em meio às chamas que se aproximam? Reclamaria do quão intenso é o som? Diria, incomodado por ter sido interrompido, “este som precisa mesmo ser tão estridente”?

Ouviria, por óbvio, alguém responder – “é claro que precisa, é um alarme, ele serve para incomodar”! Por isso, se estiver em um edifício com o alarme de incêndio tocando, saia o mais rápido possível.

A culpa é como o alarme. Não se irrite com ela. É um erro fatal ignorar seu som penetrante, no mais profunda de sua alma. Ela é o alarme de incêndio da alma, indica que há fogo em seu interior. Chamas de erro estão ardendo em seu interior agora. E a culpa o impele a deixar o erro e salvar-se das chamas.

Não ignore o alarme. Não ignore a culpa. Existe uma razão para o alarme ser tão incômodo: forçar os ocupantes do ambiente a deixarem o prédio; afinal, há um incêndio em andamento!

A culpa não é o problema – como o alarme de incêndio também não o é – ela apenas aponta para a existência de um problema. Ignorar o alarme, negar a culpa, "aceitar a si mesmo como você está", compreender a si mesmo como a "vítima do mundo", acreditar que “nada pode ser feito para mudar quem você é”; tudo isso não resolverá o problema, mas resultará em um, ainda maior.

Se ignorar o alarme de incêndio, será alcançado pelo fogo. Caso faça o mesmo com a culpa, terá o mesmo fim.

Não culpe o mensageiro pela mensagem. E, acima de tudo, não rejeite o mensageiro pela mensagem desagradável. O desconforto tem um propósito, incomodar. A dor indica que há algo errado no corpo. Sem ela, jamais saberíamos do problema. Tendemos a querer aliviar a dor sem compreender o que a causou, e isso costuma ter conseqüências catastróficas.

Imagine um indivíduo com apendicite aguda. Uma dor crescente o afeta na região da fossa ilíaca direita; entretanto, rejeita-a com analgésicos. Em algumas horas, seu quadro será tão grave que nem mesmo um médico e todos os recursos atuais serão capazes de mantê-lo vivo. A ruptura do apêndice infectado, espalhando conteúdo contaminado pela cavidade abdominal, conduzirá a uma peritonite, sepse e – posteriormente – choque séptico e óbito.

Não ignore o alarme, não rejeite a culpa. Busque encontrar a causa dela. E, sobretudo, quem possa perdoá-lo dela. Se a culpa é o alarme silencioso, o perdão é a cura acalentadora.

O que faz com o fogo? Apaga-o! E a culpa? O mesmo. Contudo, para que o incêndio seja debelado é necessário encontrar as chamas. Quando o alarme soa, não diz de que parte do prédio vem o fogo. É preciso ir até lá, procurar em cada canto daquela construção, até encontrar as chamas e apagá-las o mais rápido possível. O fogo não apagado espalha-se rapidamente. O erro não resolvido segue o mesmo caminho.

Se quer ver-se livre da culpa, livre-se do erro.

Precisa de um parâmetro absoluto para poder comparar suas atitudes, pensamentos e sentimentos a fim de saber se errou ou não. O parâmetro não é o terapeuta, psiquiatra, psicólogo, psicanalista ou outra pessoa – seja ela quem for. É necessário que busque um padrão absoluto de perfeição. E, felizmente, esse padrão existe.

“Por meio dos Teus preceitos, consigo entendimento; por isso, detesto todo caminho de falsidade. Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra e, luz para os meus caminhos” (Salmos 119.104-105).

Existe um meio de sermos iluminados. Uma forma de conhecermos o certo e o errado – a confiável lâmpada para trilharmos um caminho seguro de acertos – A Palavra de Deus.

O mesmo Deus não nos obriga a usarmos Sua lâmpada, é uma escolha de cada um de nós. Entretanto, o resultado também será conforme a escolha:

“Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes” (Deuteronômio 11.26-28).

Aquele que genuinamente quiser conhecer o caminho da Verdade, sempre terá a resposta:

“E os teus ouvidos ouvirão a palavra de que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda” (Isaías 30.21).

A culpa soa em nossos corações quando deixamos esse caminho. No instante em que as chamas do erro iniciam-se em nosso interior, a culpa recorda-nos de que tomamos o caminho errado.

Não se pode calá-la ignorando o erro ou a própria culpa. Seu som, com o passar do tempo, pode tornar-se menos intenso. Entretanto, jamais chega a cessar plenamente em nosso interior. A não ser que deixemos o caminho do erro e voltemos ao caminho da verdade. E façamos mais uma coisa:

Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus” (Atos 3.19; grifo acrescido).

É necessário apagar o incêndio para que o incômodo alarme pare de tocar. Seus pecados precisam ser perdoados para que a culpa se vá.

Mas para que haja perdão – o tão necessário alívio da culpa – é necessário arrependimento sincero. É preciso que verdadeiramente o culpado saiba que o é. Em vez de dar desculpas como “eu não sabia o que estava fazendo”, “fui pressionado a fazer isso”, “os outros me obrigaram”, “não foi minha verdadeira intenção fazer isso”, “eu não tive alternativa”, “as circunstâncias me forçaram a isso” e tantas outras desculpas esfarrapadas e inúteis. Essas desculpas nunca resolveram o problema de ninguém. Você sabe que é culpado, então – simplesmente – admita! Confesse com seus lábios o que esse sentimento grita em seu interior: você errou, é culpado e não há justificativa para esse erro. Mas há perdão para ele. E libertação para a culpa, quando finalmente for perdoado.

É tão simples. A dificuldade está em admitir o que somos. Gostamos mais do abraço, falsamente acolhedor, que diz estarmos certos, que nega o erro, mas que não pode calar a culpa em nossa alma. Nessas horas, um abraço é tudo de que não precisamos! Necessitamos de um tapa em nossos rostos, despertando-nos do sono da indolência, falsidade e autoengano.

Nem sempre gostamos daquilo de que precisamos. Eu detestaria que alguém perfurasse meu abdome e removesse parte de minhas entranhas. Contudo, é isso que um cirurgião faz em um caso de apendicite, e isso salva minha vida.

Ninguém disse que a solução é sempre doce. Ela é o que precisa ser – final. Se Deus precisou entregar Seu único filho a fim de que nossos pecados fossem pagos na cruz, você não acha que admitir seu erro e rogar pelo perdão do único que pode perdoá-lo é menos difícil? Você ficou com a parte fácil. Foi Cristo quem teve de ser cuspido, espancado, recriminado, falsamente julgado, arrastar uma pesada cruz diante da reprovação de toda a cidade, elevado – em símbolo de vergonha – a uma cruz. O destino de um criminoso foi dado a Ele. Mas Ele jamais pecou. Tudo isso para perdoar o rosto que você vê todos os dias no espelho.

O peso da culpa não precisa mais ser seu:

“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.4-5).

Lembre-se, Ele prometeu a você:

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazêmo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 João 1.9-10).

Confie Nele e livre-se da culpa. Não há outro extintor de chamas no prédio. Se não o fizer, o alarme soará para sempre. A escolha é sua.

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