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Ish, Isha e a utilidade da diferença

  • Gile
  • 30 de out. de 2023
  • 6 min de leitura

Vivemos num mundo estranho, muitos dos conceitos fossilizados na opinião pública negam a realidade e a lógica. O conhecimento científico é negado por aqueles que se autoproclamam cientistas, em favor de uma ideologia cega e ilógica. Negam a lógica para manter de pé um conceito inteiramente falso; como uma casa prestes a desmoronar, mas que é mantida de pé por aqueles que se negam a aceitar sua queda. Assim, mais e mais escoras são colocadas. Ela persiste de pé; entretanto, por quanto tempo? Depende do número de escoras. Se uma nova for adicionada, esse habitáculo semidemolido pode persistir por muito tempo, mesmo aos pedaços e sem fundamento.

Um analista agudo é aquele que vai além do conteúdo dos livros, escava até a fonte primária. É onde os dados reais estão. O livro é uma compilação interpretada desses dados. E o problema está na interpretação, quando já não o é a alimentação dos dados. Deste modo, conceitos são repetidos fora de seus contextos originais. E muitos dos quais jamais concordariam com determinada idéia em seu meio primário, repetem-na e a repassam aos demais sem entender o conceito fundamental e as consequências de tal ideologia.

Aqui facilmente aplicaríamos a idéia na corrente sociedade da pós-verdade de que “homens e mulheres são iguais”. Esse conceito seria rapidamente refutado pela simples inspeção externa macroscópica de seus corpos. Se quiséssemos ir além; poderíamos avaliar seus órgãos internos, seus contrastes hormonais (que estabelecem diferentes riscos a diferentes doenças), seus comportamentos, a diferença genética inegável e também suas habilidades distintivas.

Contudo – apesar da lógica e do óbvio – tal idéia não só não foi recusada pela maioria como também tornou-se parte do imaginário popular, aplicada ilimitadamente em todos os ramos da sociedade e amplificada pela mídia de massa. Uma estranha espécie de miopia coletiva apoderou-se lentamente do mundo. Uma praga cresceu num jardim onde já se avistavam outras ervas daninhas perigosas.

Penso que esta é ainda mais perigosa, um risco a todos nós, como o Euchroma gigantea: o besouro metálico infesta o interior das árvores, matando-as de dentro para fora, gradualmente. Geralmente, causa danos às raízes (embora também possa se instalar no tronco) levando à perda de fundamento e instabilizando a planta. Como resultado, acaba por derrubá-la num processo silente e gradual. A perda de fundamento é o problema central da cristandade atual. Muito tempo perdido com conhecimento terreno passageiro, enquanto o entendimento dA Verdade eterna é negligenciado.

Portanto; para lidarmos com este Euchroma gigantea de que “homens e mulheres são iguais”, vamos à fonte primária, ao relato de Gênesis:

Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles. Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea. Então, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. (Gn 2.7-9, 15-24)

Algumas observações interessantes surgem mesmo num primeiro olhar sobre o texto traduzido. Ao analisar-se o texto original, encontramos mais ainda. Começando pelas palavras para designar Adão e terra – a obra e a matéria-prima (v. 7): no original, Adam (Adão) e Adamah (solo, terra). É mesmo interessante a similitude entre os termos que, segundo a Bíblia, são o primeiro homem e a matéria física de que foi feito.

Há muito mais por analisar aqui, mas dada a exiguidade do tempo e de linhas, nos debruçaremos mais adiante, nos versos 18 e 23:

Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. (v. 18)

O termo para auxiliadora no original é ezer; alguém que presta auxílio, ajudadora, que soma. Já a palavra para idônea é traduzida a partir de neged; que significa parte oposta, contrapartida, contra, em condição diametral a algo ou alguém. Por este motivo a tradução Almeida Revista e Corrigida traduz mais precisamente esse termo como “que esteja como diante dele”, transmitindo a idéia original de posição oposta, contrapartida.

A partir desses dois termos conclui-se claramente que: (1) a mulher é a parte contrária (a versão diametral, logo, diferente) do homem; (2) ela veio a existir por uma determinação divina e não humana, Adão não pediu uma auxiliadora pois vivia feliz e pleno junto a Deus, foi Deus quem julgou sua existência necessária e (3) por ser o complemento, a parte contrária ao homem como num mecanismo chave fechadura ou numa relação de duas peças de um quebra-cabeças, ela existe para somar e complementar o homem e não para sobrepor-se ou tomar o lugar masculino.

E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. (v. 23)

A palavra para homem é ish, já para mulher é isha. Assim, fica mais claro entender a intenção de Adão ao afirmar: “chamar-se-á varoa [isha], porquanto do varão [ish] foi tomada”. Parafraseando – ela será a isha (versão feminina, contraparte) do ish.

Assim, fica evidente que não apenas homem e mulher são distintos, como para funcionarem bem em comunhão necessitam sê-lo. Imagine quão sem propósito seria uma caixa de lápis de cor com apenas uma cor, sempre a mesma, igual.

Pense como seria inútil possuir uma bolsa de ferramentas com apenas uma delas, um martelo por exemplo. Precisa de uma chave de fenda para apertar um parafuso agora? Sinto muito, só temos martelos!

Inútil, sem propósito e tola: assim é a idéia de que homens e mulheres devem ser iguais, vestir-se e comportar-se iguais; ocupar na sociedade o mesmo lugar e executar as mesmas tarefas, com os mesmos direitos e deveres.

O resultado é claramente uma tragédia. Quem propôs tal idéia insana, certamente, tinha isso em mente. O pai de tal idealizadora conhecia o texto hebraico e sabia como opor-se a ele. Não, não foi acaso.

Veja quão importante é conhecermos profundamente os fundamentes da fé bíblica. Não é suficiente desnudar o véu do conhecimento das ciências naturais, é preciso conhecer a doutrina bíblica com propriedade. Entretanto, muitos dos discípulos de Jesus pouco ou nada sabem sobre os fundamentos da fé cristã.

O resultado por toda parte é a destruição daquilo para que foi planejado: a cuidadora da casa, a educadora dos filhos já não existe; partiu em sua jornada de exercer funções masculinas. Agora, ninguém vela pelos pequeninos. O homem já não tem uma contraparte auxiliadora, mas uma concorrente que almeja tomar seu lugar. Uma tragédia social. A destruição do propósito inicial promovido por Deus ao criar ish e isha. E ainda mais – ao mentir sobre o propósito existencial do homem e da mulher, desfigura-se o símbolo por eles representado, Cristo e a Igreja.

Que quadro triste e enganoso satanás pintou usando as mãos de uma mulher. Como Ninrode (cujo nome significa rebelião), deixou-se tornar parte na obra do reino das trevas de opor-se a Deus. Como satanás, decidiu fazer parte da obra de destruição daquela que um dia foi a perfeita criação de Deus.

Tudo o que Deus faz tem um propósito, e uma idéia mais profunda está presente em cada ato divino descrito na Bíblia. Gênesis é uma coletânea impressionante de ensinos se o analisarmos a partir dessa perspectiva.

Revisitar Gênesis frequentemente para aprendermos os fundamentos da obra divina é fundamental na luta contra a desfiguração da criação, promovida por satanás e seus asseclas. A Bíblia afirma com clareza, mulher e homem são distintos; a mesma Palavra faz-nos entender, essa diferença é útil e necessária.

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