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Nossa Esperança: 6. Grande Tribulação

  • Foto do escritor: Gile
    Gile
  • 29 de nov.
  • 29 min de leitura

Atualizado: há 8 horas

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Como discutido anteriormente, a partir do quinto selo (Ap 6.9-11), cremos já estarmos falando da Grande Tribulação.

De forma resumida, trataremos neste capítulo dos seguintes acontecimentos:

  • Quinto, sexto e sétimo selos;

  • As sete trombetas;

  • Os selados de Deus;

  • As duas testemunhas mártires;

  • As sete taças da ira de Deus.


Além dos eventos supracitados, a Grande Tribulação contém: a queda de Babilônia, a batalha do Armagedom, a prisão de satanás por mil anos e o Julgamento das Nações – os quais serão tratados em um capítulo em separado.

O Princípio das Dores encerra-se e a Grande Tribulação começa com a colocação da “abominação desoladora” (Dn 9.27; 12.11; Mt 24.15; Mc 13.14) no “lugar santo” (Mt 24.15):


Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele. (Dn 9.27 – grifo acrescido)
Depois do tempo em que o sacrifício diário1 for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias. (Dn 12.11 – grifo acrescido)
Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes. (Mt 24.15,16 – grifo acrescido)
Quando, pois, virdes o abominável da desolação situado onde não deve estar (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes. (Mc 13.14)

Os termos traduzidos como “abominações virá aquele que causa desolação” são “shiqquts shamem” (literalmente, abominação desoladora) no original hebraico. Os mesmos termos empregados no original do trecho correlato de Daniel 12.11 (grifo acrescido) – “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias”.

Mas, afinal, o que significa “a abominação desoladora”?

Abominação (shiqquts2) significa “nojento, imundo, idólatra, um ídolo”; já desoladora (shamem3) significa “para atordoar, devastar, entorpecer”.

Na Vulgata Latina o mesmo trecho é traduzido como “abominandum idolum desolationes” (i.e., ídolo abominável das desolações). A “abominação desoladora” (shiqquts shamem) tanto em Daniel 12.11 quanto em 9.27 pode, portanto, ser entendida como um “ídolo que entorpece ou atordoa”. Um símbolo idolátrico que causa entorpecimento, atordoamento e – ao mesmo tempo – devasta espiritualmente os que lhe prestam culto.

O “sacrifício contínuo” que é cessado em Daniel 12.11 (e também em 9.27) pode ser parte do culto da religião global – a Babilônia de Apocalipse 17 e 18, o que certamente inclui o pseudojudaismo rabínico.

Alguns dirão que se refere ao culto pseudojudaico rabínico, contudo ambos significarão a mesma coisa. Isso se dá porque a religião judaica deixou de ter validade espiritual desde a chegada de João Batista (Lc 16.16; Mt 3.1,2). Além disso, a religião pseudojudaica rabínica atual nada tem que ver com a religião judaica do AT, e está centrada no Talmude e não na Bíblia. É, desta forma, uma corruptela da religião judaica do AT. A religião atual (e daqueles dias) não tem nenhuma validade espiritual e estará, como todas as demais falsas religiões do mundo, condensada sob o manto da Babilônia religiosa global.

A restauração de Jerusalém, descrita em Daniel 9.25, simboliza a verdadeiro casa de Deus, que – por meio do pecado foi destruída – mas viria a ser restaurada pelo sacrifício de Cristo; isto é, a humanidade (Mc 12.10-12; Sl 118.22,23; At 4.10-12; 1 Co 3.9-17; 6.19,20; Cl 2.6,7; 1 Pe 2.4-10; Ef 2.19-22; Is 28.16). A reconstrução literal de Jerusalém e seus muros é uma metáfora da redenção em Cristo, além de aplicar-se literalmente à reconstrução física da cidade no AT (v. 25). É, portanto, uma profecia de duplo cumprimento. De fato, o próprio Jesus refere-se a si mesmo como o templo que seria reconstruído em três dias (Jo 2.19-22); sendo Ele a primícia dos que dormem (1ª Co 15.20). E, assim como Ele ressuscitou, também irá nos ressuscitar no fim dos tempos (1ª Co 15.20-24).

Portanto, quando 2ª Tessalonicenses 2.2-4 afirma que “o homem da iniqüidade” vai opôr-se a toda forma de adoração “a ponto de assentar-se no santuário de Deus”, pode tencionar que o anticristo – após derrubar a Babilônia, a religião global dos primeiros 3 anos e meio de seu governo (Ap 18.2,10,21) – exigirá ser cultuado como se fosse o próprio Deus, assentando-se no “templo” de Deus; ou seja, sendo o único objeto de culto da humanidade, a qual é o único “templo” da Nova Aliança (1ª Co 3.16,17; 6.19,20).

Deste modo, trata-se de uma profecia de duplo cumprimento: tanto referindo-se a Jerusalém (a casa de Deus; Salmo 122.1), onde possivelmente estará a abominação desoladora (a imagem da besta), quanto metafórico (o homem – templo de Deus, 1ª Co 3.16,17; 6.19,20 – dando lugar ao anticristo para reinar [assentar-se no “santuário de Deus”] ao cultuar a imagem da besta e receber a sua marca).

Esta visão, de que o “templo” em que o “homem da iniqüidade” assenta-se é uma metáfora para a adoração pelo ser humano, é reforçada pelo fato da raiz da palavra para “templo” em 2ª Tessalonicenses 2.4 (naon) ser a mesma usada em 1ª Coríntios 3.16 (naos), 1ª Coríntios 3.17 (naos) e Efésios 2.21 (“naon”):


O qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. (2ª Ts 2.4 – grifo acrescido)

Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1ª Co 3.16 – grifo acrescido)

No qual todo o edifício, bem-ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor. (Ef 2.21 – grifo acrescido)

A expressão “lugar santo” utilizada em Mateus 24.15 é ἁγίῳ τόπῳ (hagiō topō), no original grego, e aparece em algumas passagens do Novo Testamento, como Hebreus 9.2 (grifo acrescido):


Porque se fez o tabernáculo, o qual, tendo a parte exterior, chamada o lugar santo, em que estavam o candelabro, a mesa e os pães da proposição, o qual é chamado o lugar santo.

O “lugar santo” aqui é uma referência ao espaço dentro do tabernáculo que era considerado sagrado, onde eram realizados os rituais do culto ao Senhor. A expressão hagiō topō é usada para referir-se ao “lugar santo”, ou seja, o espaço reservado às práticas religiosas do Antigo Testamento.

Já em Mateus 27.53 (grifo acrescido) não há a menção direta da expressão hagiō topō, mas um equivalente semântico:


E saindo dos sepulcros, após a ressurreição dele, entraram na cidade santa e apareceram a muitos.

Embora a expressão hagiō topō não seja citada diretamente, a referência ao “lugar santo” é feita por meio da menção à “cidade santa”, que é Jerusalém, considerada o lugar sagrado.

Em Apocalipse 11.2 (grifo acrescido) vemos o mesmo conceito, Jerusalém como o “lugar sagrado”:


Mas o átrio que está fora do templo, deixai-o de fora, e não o meçais; porque foi dado aos gentios, e eles pisarão a cidade santa durante quarenta e dois meses.

A referência à “cidade santa” tem o mesmo valor semântico de um lugar sagrado. Jerusalém é descrita como sendo o lugar especial de adoração e presença divina. A expressão hagiō topō em Mateus 24.15 pode, de fato, ser entendida como uma referência a Jerusalém.

A cidade de Jerusalém freqüentemente é associada ao conceito de “lugar sagrado” nas Escrituras, especialmente no Antigo Testamento e, em alguns momentos, no Novo Testamento. Esse entendimento vem da importância espiritual da cidade como o centro de culto a Deus no AT e onde importantes eventos ocorrem – sobretudo a crucificação de Jesus, alguns de seus sermões e onde ele virá segunda vez para destruir o anticristo (Monte das Oliveiras). E, embora a expressão hagiō topō não seja usada diretamente aqui, a idéia de Jerusalém como um lugar santo está implícita.

Portanto a expressão hagiō topō pode ser entendida como uma referência a Jerusalém, especialmente quando tratada como um lugar sagrado. Além disso, ela tem um significado mais amplo de “lugar sagrado”, que pode abranger desde um edifício específico (como o templo) até uma cidade inteira, como Jerusalém, que era considerada o centro espiritual de adoração a Deus.

Mais um ponto, em Salmos 24.3 (grifo acrescido) lemos: "Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar?". Os contextos do Salmo, do livro e da Bíblia indicam que este "santo lugar" é Jerusalém e não o templo (este sequer existia quando o Salmo 24 foi escrito!).

E qual a importância disso? A implicação de tal fato é que não necessitamos de um terceiro templo em Jerusalém. A era do templo físico de pedras em Jerusalém acabou quando a Lei a que ele servia teve seu fim. Logo, não há sentido em que um novo edifício de adoração à fé judaica, que já não é válida, volte a existir (At 17.24-26 – grifo acrescido):


O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação.

Ademais, o pseudojudaísmo rabínico, que rejeita Jesus como messias e continua esperando um futuro messias, é uma religião de obras e lei ritualística, que falha em reconhecer o único sacrifício aceitável, o de Cristo na cruz. A religião rabínica atual não é um caminho para a salvação, mas uma forma de religião legalista.

O passo lógico subseqüente é conectar o pseudojudaísmo rabínico à Babilônia religiosa da Tribulação. A Babilônia religiosa é tipicamente definida por: (1) rejeitar a Nova Aliança, não reconhecer o sacrifício de Jesus como o único caminho; (2) basear-se em esforços humanos para alcançar a justiça; (3) cultuar falsas deidades e (4) perseguir os verdadeiros seguidores de Cristo.

O judaísmo rabínico atual, como sistema religioso, é visto como parte da religião que rejeita a Cristo. Assim, ao fazer o seu pacto de 7 anos e permitir a religião babilônica em Jerusalém, o anticristo estará autorizando o pseudojudaísmo – naquela incluído.

A cessação das ofertas (no meio da semana) será, portanto, o momento em que o anticristo quebrará o pacto anteriormente estabelecido e exigirá abertamente adoração total a si mesmo por meio da “abominação da desolação” (a imagem da besta que recebe culto).

O “sacrifício contínuo” que é cessado em Daniel 12.11, pode referir-se a parte do culto da religião global, a Babilônia de Apocalipse 17, que será substituído pelo culto pessoal ao anticristo/satanás. Isto é, apenas o sacrifício diário, pois o culto babilônico seguirá ocorrendo até perto do fim da Tribulação.

O fim do sacrifício diário e a colocação da "abominação desoladora" marcará o fim do Princípio das Dores e o início da Grande Tribulação. É, desta forma, um importante marcador temporal na Tribulação.

Ademais, há sim um santuário no Novo Testamento; o qual não é de pedras e substitui, de uma vez por todas, o de Jerusalém:


Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? (1ª Co 6.19 – grifo acrescido)

E abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu. (Ap 13.619 – grifo acrescido )

Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem-ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito. (Ef 2.19-2219 – grifo acrescido)

Agora, continuando nosso exercício de análise comparativa entre Mateus 24 e 25 e o livro de Apocalipse onde paramos no capítulo anterior, temos o quinto selo.


Quinto Selo. Grande perseguição aos discípulos de Jesus nos vv. 7,8 de Mateus 24, e o quinto selo – as almas dos que foram mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Cristo em Apocalipse 6.9-11. Esta perseguição já ocorre no Princípio das Dores, mas deve intensificar-se grandemente na Grande Tribulação:


Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros. (Mt 24.9,10)

Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram. (Ap 6.9-11)

Sexto Selo. O sexto selo (Ap 6.12-17) refere-se a eventos cósmicos e geológicos:


Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue, as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes, e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?

Este selo traz:

  • Um grande terremoto assim que é aberto;

  • O sol se escurece e a lua torna-se como sangue;

  • As estrelas caem do céu até a terra;

  • O céu recolhe-se como se fosse um pergaminho;

  • Todos os montes e ilhas foram movidos de seus lugares (talvez, pelo grande terremoto);

  • Os habitantes da terra reconhecem que esses eventos são juízos de Deus.


O sétimo selo só é aberto no capítulo 8 de Apocalipse, entre o sexto e o sétimo selos temos o capítulo 7:

  • Cento e quarenta e quatro mil selados de Deus (Ap 7.1-8);

  • Visão dos redimidos no céu (Ap 7.9-17).


OS 144 MIL SELADOS DE DEUS

Sobre os cento e quarenta e quatro mil devemos entender que é um número simbólico, e não específico. Não são, exatamente, 144 mil pessoas, mas um grupo que foi selado por Deus. O motivo de tal selo é evitar que tais sejam atingidos pelos juízos de Deus que virão a seguir – “Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na fronte os servos do nosso Deus” (Ap 7.3), e: “e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte” (Ap 9.4 – grifo acrescido).

Além disso, o selo representa o pertencimento a Deus e Sua proteção (quanto aos juízos divinos, não contra a ação do anticristo). Os selos são usados ​​para conferir autenticidade; eles são, de fato, pertencentes a Deus, Seu verdadeiro povo.

E quem são eles?

À luz de tudo o que já tratamos – em especial; Igreja, Israel de Deus, Israel étnico, validade da lei ritual – não parece razoável tratar-se de um grupo de judeus salvos. Assim como seu número é simbólico, sua origem também o é. Apocalipse cita as doze tribos de Israel. Contudo, em nossos dias, já não se sabe quem pertence a que tribo. Esses dados perderam-se e já não fazem mais sentido uma vez que o Israel que importa é o espiritual, a Igreja. Seu próprio número (144 mil) ajuda-nos a entender isso.

Além disso, cabe ressaltar que, em 70 d.C., houve a diáspora judaica em decorrência da destruição de Jerusalém pelas tropas do general romano Tito. Os judeus espalhados pelo mundo passaram a constituir família com nativos; em decorrência disso, miscigenaram-se com povos de várias partes do mundo, e estes com outros nativos, e assim sucessivamente ao longo de aproximadamente 2000 anos.

Tanto que acabou-se por perder tanto a identificação de origem de suas tribos como o próprio hebraico deixou de ser falado. O hebraico moderno utiliza alfabeto aramaico. Talvez, você leitor não saiba, mas provavelmente possui ascendência judaica. Um estudo visando identificar ancestralidade judaica apenas sefardita4 (há muitos outros grupos judeus além deste) descobriu que um em cada quatro latino-americanos possui ancestralidade sefardita. Há uma boa chance de que você que lê estas linhas também o seja. E, se não o for, ainda assim pode possuir ancestralidade em algum outro grupo judeu.

Entender o porquê disso é muito simples. Cerca de dois mil anos atrás os judeus tiveram que deixar a região do Levante e espalharam-se pelo mundo. Tal foi sua dispersão que nem mesmo se pôde identificar todos os lugares onde foram parar. Quase todas as pessoas do mundo podem ter ascendência judaica em algum parente de cem, mil ou dois mil anos atrás. Logo, falar em judeus como um povo separado dos demais – nos dias atuais – não faz qualquer sentido. Menos ainda o fará naqueles últimos dias.

Outro ponto digno de nota é que, ao mesmo tempo em que o judaísmo religioso desvaneceu (pela destruição do Templo judaico de Jerusalém em 70 d.C.), o cristianismo bíblico ascendeu. Um símbolo da substituição de alianças: a antiga, mosaica; pela nova, em Cristo.

O mesmo ocorreu do ponto de vista étnico: pela destruição da cidade de Jerusalém e da campanha romana na Judéia, a unidade genofenotípica judaica perdeu-se ao miscigenar-se pelo mundo. O mesmo vale para o idioma e demais aspectos culturais judaicos, que foram perdidos para sempre na dispersão do primeiro século. Os hábitos judaicos modernos são uma sombra mal desenhada da já cambaleante cultura hebraica do primeiro século depois de Cristo. A qual, segundo o próprio Jesus, nada mais era do que preceitos e tradições dos homens (Marcos 7.7,8), à custa da revelação divina originalmente dada por Deus aos judeus no AT:


E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens.

Agora, no que se refere ao número 144, é o resultado de 12 vezes 12. Doze eram as tribos de Israel (AT) e doze foram os apóstolos escolhidos diretamente por Cristo5 (NT). É o símbolo do Israel de Deus, judeus e gentios que vieram a crer em Cristo. Trata-se, portanto, de salvos de múltiplas etnicidades. Eles virão a converter-se logo após o arrebatamento da Igreja. E, deste modo, não foram arrebatados, mas entenderam que a Palavra de Deus é a verdade e passaram a crer em Cristo. Sua multiplicidade por mil representa a vastidão de sua quantidade. Serão muitos, ainda que a minoria dos habitantes da terra.


OS REDIMIDOS DE DEUS NO CÉU

É muito interessante que Apocalipse 7.9-17 apresente justamente os salvos no céu – aqueles que foram salvos durante a tribulação, mortos na Grande Tribulação na terra e, por fim, recebidos no céu (Ap 7.13-15):


Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram? Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo.

O capítulo 7 demonstra o cuidado de Deus por seu povo e que – apesar da perseguição, tribulação e até martírio – este pode ter esperança na redenção final em Cristo (Ap 7.16,17):


Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.

Que esperança temos em Cristo!


O SÉTIMO SELO E AS SETE TROMBETAS

O capítulo 8 é a abertura do sétimo selo, que representa meia hora de silêncio solene, pois este selo traz as sete trombetas, cada qual com juízos próprios (Ap 8.1,2):


Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora. Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas.

A primeira trombeta só é tocada no verso 7. Os versos 3-6 formam uma introdução que estabelece por si um juízo:


Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos. E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto. Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar.

Todas as orações por justiça são derramadas sobre a Terra antes de serem atendidas. As orações em forma de fumaça são derramadas sobre a Terra antes das trombetas com os juízos de Deus serem tocadas. Deus as está, assim, respondendo.

A primeira trombeta (Ap 8.7) parece levar a uma chuva de meteoritos ou algo semelhante. Como resultado disso, a terça parte da terra, das árvores e relva são queimadas. Isso trará sérias conseqüências para a vida na terra, como desequilíbrio nos ecossistemas e insegurança alimentar.

A segunda trombeta (Ap 8.8,9) uma porção enorme de terra (talvez, um meteoro ou cometa), que João descreve como “uma como que grande montanha ardendo em chamas”, atinge o mar. O resultado do incidente é a terça parte da vida marinha morta e das embarcações destruídas. Pense nas conseqüências disso para os biomas marinhos e como isso afetaria o transporte de mercadorias por via marinha – só para dar alguns exemplos.

A terceira trombeta (Ap 8.10,11) uma estrela, chamada Absinto, cai sobre a terça parte dos rios e fontes de água doce. Isso contaminou a terça parte da água potável do planeta e causou a morte de muitas pessoas. Há um grande simbolismo aqui, Absinto é uma planta amarga e representa – neste caso – juízo da parte de Deus.

A quarta trombeta (Ap 8.12,13) traz um cataclismo cósmico – as estrelas (incluindo o sol) perdem a terça parte de seu brilho, o que representa um descenso maior do que qualquer grand solar minimum, a lua também perde um terço de seu brilho. O resultado completo é imprevisível, mas podemos imaginar que um período de frio intenso, congelamento de fluidos em encanamentos, mortes em conseqüência do frio, dias seguidos sem luz do sol (noite polar) em adjacências aos polos (onde normalmente não há), prejuízos à agricultura e erva silvestre (elas necessitam da luz solar para fotossíntese), congelamento de regiões do ártico e arredores da Antártida podem ocorrer. Além disso, teríamos inúmeros problemas de saúde – como osteopenia/osteoporose, perturbação do ciclo circadiano, hipotermia.

É interessante perceber que o sol é a divindade pagã mais amplamente cultuada. Seu culto é quase universal – desde os indígenas das américas (incas, maias, astecas); passando pelos egípcios, gregos, celtas, frísios, bretões, romanos, persas, hindus, povos do Levante, árabes, antigos etíopes (reino de Sabá) até o extremo oriente (povos aborígenes). É difícil encontrar um povo que não cultue o sol. Assim, a quarta trombeta é também o juízo de Deus contra a idolatria e declara, em alto e bom som, que só o Senhor é Deus.

Após a quarta trombeta, há uma águia no céu avisando os moradores da terra sobre a gravidade dos juízos das próximas três trombetas.

A quinta trombeta é, de fato, terrível. Uma estrela cai do céu e é-lhe dada a chave do poço do abismo. Ela abre o poço do abismo e sobe fumaça, com a qual o sol e o ar escurecem. Da mesma fumaça saem gafanhotos até a terra, eles possuem poder de infligir dor e perturbar os homens que não tem o selo de Deus, aquele mencionado em Apocalipse 7.1-8. O período de tal tormento é mencionado, cinco meses; sua intensidade, também: “E o seu tormento era como tormento de escorpião quando fere alguém. Naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles” (Ap 9.5d,6).

A Escritura descreve o aspecto dos “gafanhotos”:


O aspecto dos gafanhotos era semelhante a cavalos preparados para a peleja; na sua cabeça havia como que coroas parecendo de ouro; e o seu rosto era como rosto de homem; tinham também cabelos, como cabelos de mulher; os seus dentes, como dentes de leão; tinham couraças, como couraças de ferro; o barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos, quando correm à peleja; tinham ainda cauda, como escorpiões, e ferrão; na cauda tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses; e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom.

Abadom (hebraico, idioma predominante do Antigo Testamento) e Apoliom (grego, idioma do Novo Testamento) significam “destruição”. E isso é o que esta horda pretende causar na terra.

Tanto a descrição da estrela que cai do céu e tem a chave do abismo quanto o aspecto dos “gafanhotos” e o nome de seu rei – Abadom e Apoliom – não deixam dúvidas, tratam-se de demônios que são liberados do tártaro6, o abismo em que estão aprisionados neste momento, para perturbar os homens. É, portanto, um juízo integralmente sobrenatural e tão grave que está limitado a 5 meses.

A sexta trombeta é reveladora da condição humana daqueles dias e de realidades espirituais atualmente invisíveis, mas – que naqueles dias – serão feitas visíveis a todos os homens. Veja a descrição de Apocalipse 9.13-20:


O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus, dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates. Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens. O número dos exércitos da cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares; eu ouvi o seu número. Assim, nesta visão, contemplei que os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre. A cabeça dos cavalos era como cabeça de leão, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre. Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens; pois a força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua cauda se parecia com serpentes, e tinha cabeça, e com ela causavam dano.
Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar; nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos.

Do relato de Apocalipse temos que há 4 anjos presos junto ao “grande rio Eufrates”. Eles são soltos a fim de matar a terça parte dos seres humanos. Sabemos que tais seres detêm autoridade espiritual pois governam sobre 200 milhões de outros seres (20 mil vezes 10 mil). A descrição de seu exército, seu papel destruidor (semelhante ao nome do demônio Abadom/Apoliom da quinta trombeta) e o fato de estarem presos até aqueles dias faz-nos concluir que se tratem de demônios. No entanto – diferente do que ocorre na atual dispensação, em que são invisíveis e não possuem quase nenhum poder direto sobre o ser humano – serão visíveis a todos no mundo e operarão a morte de seres humanos, um terço destes. Tudo isso só pode ocorrer porque Deus os permitiu, Ele é quem governa sobre todos os seres, até os demônios tem de Lhe ser submissos.

Isso, contudo, não significa que Deus aprova a ação destes. Tanto não as aprova que os julgará. Afinal, o inferno (geenna) foi “preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.417), contrariando a visão popular de que o diabo e os demônios governam o inferno – popularizada por Dante Alighieri em sua enganosa obra, “A Divina Comédia”. O lago de fogo é um lugar de tormento, originalmente feito para a punição dos demônios. Contudo, ao juntar-se a eles em sua rebelião, o homem selou seu destino junto aos demônios – ser atormentado eternamente no lago de fogo.

Vemos também que há um momento específico para a soltura de tais demônios, e Apocalipse 9.15 (grifo acrescido) é inequívoco: “foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens”.

A mistura de características assustadoras de vários animais em um único ser é comum à profecia bíblica – vimos isso em Daniel 7.4 (leão com asas de águia) e Apocalipse 13.2 (leopardo com pés de urso e boca de leão), apenas para citar alguns exemplos – e reaparece aqui para descrever a malignidade destrutiva de tais seres demoníacos (cabeça de leão, boca que elimina fogo com fumaça e enxofre, cauda de serpente).

No verso 20, ficamos sabendo que os dois terços não mortos por esses seres não se arrependeram de seus pecados. A Escritura nos descreve quais eram alguns desses pecados, fazendo-nos crer que serão ações comuns e amplamente praticadas naqueles dias, quais sejam: adoração a demônios e ídolos de ouro, prata, cobre, pedra, madeira; assassinatos (provavelmente, referindo-se à grande perseguição contra os verdadeiros cristãos conversos na tribulação daqueles dias, pois os salvos anteriores à tribulação já haviam sido arrebatados para junto de Deus); feitiçarias; prostituição e furtos.

Vemos que, mesmo com todos esses juízos da parte de Deus sobre os homens, estes não se arrependem. A humanidade escolheu obstinadamente prostituir-se com Babilônia até que esta seja destruída (Ap 17.2,4; 18.3,9,10).

Haverá práticas amplamente distribuídas de feitiçaria (Ap 18.23; 21.8; 22.15; 1ª Tm 4.1). A palavra para feitiçaria no original (Ap 9.21) é “pharmakōn”, a mesma que aparece em Apocalipse 21.8 e 22.15, e refere-se à prática de artes mágicas8. Indicando a reascenção da bruxaria e do ocultismo9, muitas delas ligadas a ordens secretas elitistas, que agora já não serão secretas e nem restritas às elites.

Aqui, cabe destacar o texto de 1ª Timóteo 4.1-5:


Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado.

Perceba como Paulo nos adverte que haverá apostasia como conseqüência de pessoas que estão envolvidas com espíritos enganadores e ensinos de demônios (espíritos guias). Se apostataram, é porque anteriormente estavam na fé verdadeira. Isso me faz pensar que a advertência de Paulo em Primeira Timóteo 4.1-5 se trate de algum momento anterior ao arrebatamento, e próximo a ele; pois, na tribulação, só virão a crer aqueles que realmente desejam conhecer a verdade, já que o cristianismo bíblico será proibido e perseguido.

Vemos também algumas outras doutrinas que acompanham o engano demoníaco daqueles dias: proibição do casamento e abstinência de alguns alimentos. Ambas doutrinas são rechaçadas por Paulo e pela Escritura. Tudo isso, que já está presente antes do arrebatamento, parece aumentar em quantidade e intensidade durante o Princípio das Dores e chegará ao seu ápice na Grande Tribulação.

O capítulo 10 constitui um intervalo entre a sexta e a sétima trombeta. Nele descreve-se a visão de um anjo com uma mensagem que afeta o mundo todo (“o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra” – Ap 10.2). Não foi permitido a João escrever os juízos proferidos pelos sete trovões, indicando que há mais juízos do que os descritos em Apocalipse. A respeito destes, somente Deus os sabe.

A sétima, e última, trombeta (Ap 11.15) é uma declaração da autoridade de Deus. Ainda que o Senhor não intervenha diretamente em nossos dias, ainda é o senhor de todas as coisas e isso é demonstrado por terem todos de prestar contas a Ele um dia. E esse dia já estará em curso quando a sétima trombeta for tocada.

Ao afirmar que “o reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap 11.15), Apocalipse declara que Deus não mais apenas observará os eventos ou limitar-se-á a julgá-lo à distância, mas assumirá as rédeas do universo. Ele é senhor em propriedade, tudo Lhe pertence; e em poder, Ele pode tudo e sobre todos. Agora, Ele decidiu usar esse poder para remover e julgar o posseiro ilegítimo, satanás, e restabelecer a ordem correta de todas as coisas – julgando os ímpios e galardoando os justos. O mundo finalmente será governado, e funcionará, como deveria ter sido desde o princípio, quando foi criado.


AS DUAS TESTEMUNHAS MÁRTIRES

O capítulo 11 descreve as duas testemunhas mártires logo antes de apresentar-nos a sétima trombeta, (Ap 11.3-11):


Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco. São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra. Se alguém pretende causar-lhes dano, sai fogo da sua boca e devora os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente, deve morrer. Elas têm autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade também sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem. Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará, e o seu cadáver ficará estirado na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado. Então, muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplam os cadáveres das duas testemunhas, por três dias e meio, e não permitem que esses cadáveres sejam sepultados. Os que habitam sobre a terra se alegram por causa deles, realizarão festas e enviarão presentes uns aos outros, porquanto esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra. Mas, depois dos três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés, e àqueles que os viram sobreveio grande medo; e as duas testemunhas ouviram grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: Subi para aqui. E subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos as contemplaram. Naquela hora, houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, nesse terremoto, sete mil pessoas, ao passo que as outras ficaram sobremodo aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu.

As duas testemunhas profetizarão por 3 anos e meio (mil duzentos e sessenta dias – Ap 11.3) e trarão uma mensagem de arrependimento à humanidade (veja como estarão vestidas de “pano de saco”, v. 3, um ato de arrependimento).

O texto declara que as duas testemunhas estarão a serviço de Deus (v. 4) e têm poder para realizar milagres e prodígios (vv. 5,6). Elas serão mortas pelo anticristo (v. 7) e seus corpos ficarão estirados numa praça de Jerusalém (v. 8), cidade que será chamada de Sodoma (devido sua imoralidade) e Egito (devido a seus atos de iniquidade e feitiçarias).

Os corpos das duas testemunhas ficarão ali por três dias e meio (v. 9). Os seres humanos de todo o mundo ficarão felizes aos verem que as testemunhas foram mortas (v. 10), em uma manifestação clara de sua rebeldia e obstinação em pecar. Contudo, Deus ressuscitará as duas testemunhas (v. 11) e as arrebatará ao céu (v. 12). Neste momento, um terremoto atingirá a cidade de Jerusalém e matará sete mil pessoas (v. 13), o que será mais um juízo da parte de Deus contra a iniquidade dos homens.

O que concluímos das duas testemunhas é que serão enviadas de Deus para pregar à humanidade, sua mensagem terá alcance global. Entretanto, serão rejeitadas pela humanidade, que preferirá seguir o diabo, por meio do culto ao anticristo e à Babilônia religiosa. O testemunho direto delas será de três anos e meio – dado que este relato está localizado justamente entre a sexta e sétima trombeta (Grande Tribulação) e o período de duração das testemunhas ser exatamente o mesmo que o da Grande Tribulação, cremos que será aí (Grande Tribulação) que elas profetizarão.

Após o relato das duas testemunhas, é-nos dito sobre a sétima trombeta. Cremos que a sétima trombeta ocorre no final do testemunho daquelas; provavelmente, logo após seu arrebatamento.

Ao afirmar a sétima trombeta que “o reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap 11.15), Apocalipse declara que Deus não mais apenas observará os eventos ou limitar-se-á a julgá-lo à distância, mas assumirá as rédeas do universo. Ele é Senhor em propriedade, tudo Lhe pertence; e em poder, Ele pode tudo e sobre todos. Agora, Ele decidiu usar esse poder para remover e julgar o posseiro ilegítimo, satanás, e restabelecer a ordem correta de todas as coisas – julgando os ímpios e galardoando os justos. O mundo finalmente será governado, e funcionará, como deveria ter sido desde o princípio, quando foi criado.


O CAPÍTULO 14

O capítulo 14 de Apocalipse contém uma série de ensinos, consolos e advertências. Começando pelos versos um a cinco, temos uma visão dos redimidos junto a Cristo no monte Sião. Tal visão refere-se aos salvos durante os sete anos de tribulação – os quais resistiram ao pecado praticado na terra, perseguição e marca/adoração da besta (o anticristo).

A seguir, temos: três vozes, a ceifa e a vindima. O que parece ser uma síntese da Grande Tribulação; que, por sua vez, parece ser uma síntese da Tribulação e da história da humanidade. É algo semelhante ao que ocorre com Isaías dentro da Bíblia, que é chamado de “Bíblia dentro da Bíblia”: possui 66 capítulos (a Bíblia tem 66 livros) e é subdividido em capítulos 1 a 39 (o AT refere-se aos primeiros 39 livros da Bíblia) e 40 a 66 (o NT é composto por 27 livros, do 40º ao 66º)

A primeira voz trata-se de um anjo pregando o Evangelho para toda a terra (vv. 6,7). A segunda voz é o anúncio por outro anjo da queda da Babilônia (v. 8). A terceira voz é um aviso aos homens para que não adorem a besta e sua imagem, pois os que assim o fazem beberão do “vinho da cólera de Deus” (vv. 9,10). E a quarta voz é um consolo, uma bem-aventurança: “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham” (v. 13).

Os versículos 14-16 descrevem a ceifa espiritual, em que um “semelhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada” (v. 14) separa os seus dos demais; em clara referência a Cristo separando os salvos dentre a humanidade, o joio dentre o trigo (Mt 13.24-30).

Os versos 17-20 tratam da vindima, a colheita. A terra está madura de iniquidade, é hora de Deus pisar as uvas e produzir o vinho de Sua cólera. É o momento de Deus julgar a humanidade – e o fará na batalha do Armagedom e no evento que a segue, o Julgamento das Nações.


AS SETE TAÇAS (FLAGELOS) DE DEUS

Em algum momento mais próximo ao final da Grande Tribulação, ocorrerá o derramamento das sete taças (ou sete flagelos) de Deus (Ap 15.1 – grifo acrescido): "Vi no céu outro sinal grande e admirável: sete anjos tendo os sete últimos flagelos, pois com estes se consumou a cólera de Deus".

A primeira taça (Ap 16.2) determina o surgimento de “úlceras malignas e perniciosas” sobre os portadores da marca da besta e adoradores de sua imagem.

A segunda taça (Ap 16.3) causa a morte de todos os seres marinhos e transforma o mar em sangue.

A terceira taça (Ap 16.4-7) transforma toda a água doce do mundo em sangue, o que gerará um grave problema de abastecimento de água potável a nível global.

A quarta taça (Ap 16.8,9) causa um aumento da atividade do sol, talvez uma tempestade solar, a ponto deste queimar os homens e causar intenso calor.

A quinta taça (Ap 16.10,11) é derramada sobre o trono da besta (o anticristo), fazendo com que seu reino seja envolto em trevas, ela parece ampliar a dor das úlceras causadas pela primeira taça.

A sexta taça (Ap 16.12-16) seca o rio Eufrates, como um preparativo para a batalha do Armagedom, pois permite a passagem dos reis que vem do leste. Os versos 13 e 14 revelam: "Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs; porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso".

Há algo espiritual ocorrendo aqui. Embora vejamos exércitos físicos preparando-se para um confronto militar, trata-se de algo além: uma batalha espiritual que se manifesta no mundo físico, o diabo arrebanhando os homens rebeldes contra Jesus e os salvos.

A sétima taça (Ap 16.17-21) gera um grande terremoto, “como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra” (Ap 16.18) – que divide Jerusalém em três partes, destrói completamente muitas outras cidades, faz desaparecer todas as ilhas e montanhas do mundo. Além disso, esta taça faz chover pedras de aproximadamente 26 Kg sobre os homens, as quais causam grandes danos e ferimentos.

Perceba como acaba a descrição da sexta taça: “Então, os ajuntaram [os reis do leste, v. 12] no lugar que em hebraico se chama Armagedom”. (Ap 16.16)

O sexto flagelo parece ser um evento bem no final da Grande Tribulação, um ato preparatório para a batalha do Armagedom, pois os reis estão preparados para algo justamente no lugar chamado Armagedom. O sétimo flagelo pode, portanto, corresponder aos juízos associados ao Armagedom. Os versos 17-20 talvez correspondam a juízos da batalha do Armagedom e complementariam, se esta visão estiver correta, as descrições de Apocalipse 19.11-21 e Zacarias 14.4-6,12-15.


ATOS PREPARATÓRIOS

Todos esses juízos são eventos da segunda parte da Tribulação. As sete taças ocorrem na parte final da Grande Tribulação, provavelmente em seu último período, e preparam o mundo para o juízo final desta dispensação: a batalha do Armagedom. Contudo, sobre esta discorreremos no próximo capítulo.


_______________________________________


1 Conforme descrito neste capítulo, este “sacrifício diário” pode ser parte do culto babilônico, no qual o pseudojudaísmo rabínico está inserido. Tal oferta não necessita de um templo físico, mas pode ser realizado em Jerusalém, o “lugar santo”. Uma pista para tal é o fato de que a abominação desoladora – que será posta em Jerusalém – substitui o citado sacrifício.

2 8251 de STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.

3 Idem, 8074.

4 CHACÓN-DUQUE, Juan-Camilo et al. Latin Americans show wide-spread Converso ancestry and the imprint of local Native ancestry on physical appearance. Nature Communications, London, v. 9, n. 1, p. 5388, dez. 2018. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41467-018-07748-z. Acesso em: 4 nov. 2025.

5 O número total de apóstolos de Jesus é 14. Devemos somar Paulo (At 9.1-16; 2ª Co 1.1) e Matias (At 1.24-26) aos doze iniciais.

6 O termo utilizado no original grego é abyssou (Ap 9.1,2), um termo genérico para “abismo”. Contudo, o contexto e a descrição terrível dos demônios bem como de seu líder, parecem indicar que eles são de categoria elevada em grau de maldade. Daí estarem presos no Tártaro.

7 Embora o termo original grego em Mateus 25.41, traduzido como fogo eterno, seja aiōnion pyr (lit. “fogo eterno”); ele equivale à descrição do geenna (Mt 5.22 – pyros geennan) – um lugar de tormento eterno, o lago de fogo (Ap 20.10, limnēn pyros; Ap 20.14, limnē tou pyros).

8 5333 de STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.

9 A palavra grega esoteros, de onde deriva “esoterismo” e “esoteria”, significa "atrás do véu", "oculto" – 2082 de STRONG. Práticas esotéricas têm estado intimamente ligadas à feitiçaria ao longo da história e, possivelmente, também o estarão aqui.

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