Nossa Esperança: 7. Armagedom, Prisão de satanás por Mil Anos e Julgamento das Nações
- Gile
- 8 de dez.
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Atualizado: há 1 dia

Há três grandes eventos que desejamos destacar nesta seção: (1) A batalha do Armagedom; (2) a prisão de satanás por mil anos e (3) a ressurreição dos crentes em Cristo que morreram durante os sete anos da Tribulação (segunda fase da Primeira Ressurreição) seguida pelo Julgamento das Nações.
BATALHA DE ARMAGEDOM
Vamos começar com o primeiro deles, a batalha do Armagedom (Ap 19.11-21).
A primeira questão que surge aqui é por quê? Qual o motivo do anticristo reunir seu exército contra Deus no vale de Jezreel (também conhecido como vale do monte Megido)?
A escatologia judaizante afirma que será uma forte oposição vinda de Israel, que se recusaria a cultuar a imagem da besta e receber sua marca. Temos alguns problemas aqui.
O primeiro deles é que tal adoração começou três anos antes, e está relacionada à imagem da besta e sua marca – sem a qual ninguém poderá comprar ou vender (Ap 13.16,17). Além disso, quem não adorar tal imagem será morto (Ap 13.15). Ninguém, nem mesmo os cidadãos de Israel. Sabemos que, uma vez aceita a marca, o futuro do indivíduo estará selado:
Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome. Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.
Agora, uma questão mais simples: Jerusalém será o local central de adoração ao anticristo, onde sua imagem idolátrica estará. Israel e a falsa religião rabínica terão sido parte da Babilônia religiosa e terão papel fundamental na adoração ao anticristo. Não nos parece que haja aqui qualquer oposição da parte de Israel (como ente estatal) nem por parte de seus cidadãos quanto ao atual estado de coisas maligno que regerá o mundo.
Pelo contrário, vemos que a perseguição da besta de sete cabeças é sempre contra os discípulos de Jesus (Ap 13.7; 20.4), e não contra um país ou etnicidade. As duas testemunhas mártires enviadas por Deus profetizam em Jerusalém (Israel); onde, não apenas não são cridas, como são odiadas e suas mortes são celebradas pelo mundo todo, e também Israel (Ap 11.7-10). Isso não parece a descrição de pessoas opondo-se ao regime do anticristo.
E veja como a Escritura descreve os preparativos para esta batalha (Ap 19.11-21 – grifo acrescido):
Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus; e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Então, vi um anjo posto em pé no sol, e clamou com grande voz, falando a todas as aves que voam pelo meio do céu: Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus, para que comais carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto pequenos como grandes. E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército. Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre. Os restantes foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves se fartaram das suas carnes.
Perceba que, primeiro surge Cristo e seu exército no céu; e, apenas depois disso, é-nos revelado o anticristo congregado com seus exércitos. Estes reúnem-se para lutaram contra Deus, não contra Israel. Não há qualquer menção ou simbologia apontando para uma guerra contra Israel.
Eles são chamados para esta peleja por Deus, de modo sobrenatural – veja a descrição do sexto flagelo (taça) em Apocalipse 16.12-14:
Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol. Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs; porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso.
Esta batalha tem cunho espiritual, e inicia-se no mundo espiritual. Deus e o diabo guerrearão. O próprio diabo ajunta seus exércitos sob permissão divina. Deus é o Senhor de tudo. E ele determinou que neste ponto o governo global do diabo, por meio do anticristo e seu império, deve terminar. E o Senhor o fará por meio da batalha do Armagedom, no vale de Jezreel. Não é contra Israel, até porque o governo do anticristo representa a rebelião do diabo e seres humanos ímpios contra Deus. É disso que se trata. E a batalha no monte Megido é um julgamento de tal rebelião.
Temos, portanto, o porquê respondido. Será um ato sobrenatural. Os reis dirigir-se-ão para lá movidos por um impulso satânico (Ap 16.13,14). Eles simplesmente conduzir-se-ão para o local no momento específico, sempre liderados pelo diabo e seu escravo – o anticristo –, sob a permissão de Deus.
O Senhor permite que eles sigam seus intentos malignos a fim de julgá-los. Ou seja, eles pensam estar preparando-se para vencer Deus, quando verdadeiramente é o oposto – correm para sua própria destruição. Deus utiliza a arrogância e maldade deles contra si mesmos.
Os judaizantes também afirmam que neste momento – próximo ao Armagedom – haverá um grande derramar do Espírito Santo e um avivamento em Israel, cumprindo a profecia de Joel 2.28,29. Isso, contudo, não está de acordo com a própria Escritura. Veja o que Pedro (no início do primeiro século depois de Cristo), quando discursou em Jerusalém após o derramar do Espírito no dia de Pentecostes, afirmou claramente:
Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo esta a terceira hora do dia. Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. (Atos 2.14-18 – grifo acrescido)
Logo, é no dia de Pentecostes, após a ressurreição de Jesus, que se cumpre a profecia de Joel 2.28,29; e não no fim dos tempos.
Agora, vejamos como a batalha do Armagedom se desenrola. Comparemos as descrições de Zacarias 14.4-7,12-15 e Apocalipse 19.11-21. Zacarias, utilizando a linguagem simbólica do AT e sua visão sob “a sombra dos bens vindouros” (Hb 10.1) e “das coisas que haviam de vir” (Cl 2.17), e João à luz do NT:
Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade, para o sul. Fugireis pelo vale dos meus montes, porque o vale dos montes chegará até Azal; sim, fugireis como fugistes do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá; então, virá o Senhor, meu Deus, e todos os santos, com ele. Acontecerá, naquele dia, que não haverá luz, mas frio e gelo. Mas será um dia singular conhecido do Senhor; não será nem dia nem noite, mas haverá luz à tarde. (...) Esta será a praga com que o Senhor ferirá a todos os povos que guerrearem contra Jerusalém: a sua carne se apodrecerá, estando eles de pé, apodrecer-se-lhes-ão os olhos nas suas órbitas, e lhes apodrecerá a língua na boca. Naquele dia, também haverá da parte do Senhor grande confusão entre eles; cada um agarrará a mão do seu próximo, cada um levantará a mão contra o seu próximo. Também Judá pelejará em Jerusalém; e se ajuntarão as riquezas de todas as nações circunvizinhas, ouro, prata e vestes em grande abundância. Como esta praga, assim será a praga dos cavalos, dos mulos, dos camelos, dos jumentos e de todos os animais que estiverem naqueles arraiais. (Zc 14.4-7,12-15)
Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus; e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Então, vi um anjo posto em pé no sol, e clamou com grande voz, falando a todas as aves que voam pelo meio do céu: Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus, para que comais carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto pequenos como grandes. E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército. Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre. Os restantes foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves se fartaram das suas carnes. (Ap 19.11-21)
Perceba, contudo, que Cristo vence o anticristo com a espada de Sua boca, antes mesmo de tocar o solo terrestre. Logo, a descrição de Zacarias 14.4 (que começa com "naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente") é a descrição do que ocorre após Cristo os vencer.
Quando Zacarias retoma a descrição da batalha em si, versos 12-15, está falando do que ocorreu quando Cristo os venceu, ainda nos ares.
Zacarias não faz uma descrição de eventos que ocorrem, necessariamente, em seqüência imediata. Ele ziguezagueia entre o que acontece antes (Zc 14.1-3), durante (Zc 14.12-15) e depois da batalha (Zc 14.8-11,16-21). Os eventos descritos nos versos 16-21 ocorrem no Milênio, após o julgamento das nações.
Algo interessante ocorre com os primeiros três versículos de Zacarias 14:
Eis que vem o Dia do Senhor, em que os teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres, forçadas; metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será expulso da cidade. Então, sairá o Senhor e pelejará contra essas nações, como pelejou no dia da batalha.
Em geral, na Escritura, o termo “Dia do Senhor” pode corresponder ou ao período da Tribulação (como um todo) ou ao Armagedom e aos eventos próximos a ele.
No caso de Zacarias 14.1, refere-se ao Armagedom e aos eventos imediatamente anteriores e posteriores a ele. O momento exato de cumprimento desta profecia parece ser Apocalipse 17.16-18 e o capítulo 18, a queda de Babilônia (o sistema religioso global e sua capital, Jerusalém) logo antes da batalha do Armagedom.
Os juízos sobre Jerusalém – descritos em Zacarias 14.1,2 – são ações que Deus impele às nações a fim de julgar Jerusalém. É um juízo dEle contra a cidade:
Eis que vem o Dia do Senhor, em que os teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres, forçadas; metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será expulso da cidade. (Zc 14.1,2 – grifo acrescido)
É apenas após a cidade ser tomada e saqueada (Zc 14.1,2; Ap 17.16-18; 18.1-24) que Jesus sai para julgar (Zc 14.3; Ap 19.11-16) o diabo, o anticristo, o falso profeta e todos que a eles se ajuntam:
Então, sairá o Senhor e pelejará contra essas nações, como pelejou no dia da batalha. (Zc 14.3)
Esta “saída para pelejar contra as nações” (Zc 14.3) corresponde à descrição de Apocalipse 19.11-16:
Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus; e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.
A batalha do Armagedom é um juízo de Deus contra o império do anticristo. Por isso Ele permite que os exércitos do anticristo reúnam-se contra Si no vale de Jezreel. Primeiro o Senhor julga Jerusalém através do anticristo (Zc 14.1,2; Ap 17.16-18; 18), depois julga o anticristo diretamente (Zc 14.3-7,12-15; Ap 19.11-21).
Outro ponto a notar é que João faz uma descrição do ponto de vista do céu, da perspectiva espiritual; Zacarias descreve o evento como alguém na terra, sob a perspectiva física. Isso dá-nos uma perspectiva em "360 graus", cobrindo ambas as visões, o que é importante já que não se trata de um evento apenas físico ou histórico.
João começa descrevendo Jesus:
Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus. (...) Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. (Ap 19.11-13,15,16)
Não é mais a descrição de um cordeiro, mas de um rei. Ele vem para julgar e governar, para exercer Sua autoridade. Agora, Sua missão envolve "ferir as nações" com a "espada afiada" que "sai da sua boca"; "e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso" (v.15).
João também nos descreve o exército de Cristo:
E seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. (Ap 19.14)
Antes de descrever seus oponentes, Apocalipse 19 apresenta-nos um aviso:
Então, vi um anjo posto em pé no sol, e clamou com grande voz, falando a todas as aves que voam pelo meio do céu: Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus, para que comais carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto pequenos como grandes. (Ap 19.17,18)
Haverá uma batalha, e será um massacre. Serão tantos os mortos que as aves dos céus terão um "banquete". De fato, Cristo vence o anticristo antes mesmo de pisar no Monte das Oliveiras; i.e., ainda nos ares. Os corpos vencidos serão as "carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto pequenos como grandes".
Depois disso, é-nos dito sobre os oponentes de Jesus:
E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército. Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua imagem. (Ap 19.19,20c)
Embora seja também um juízo contra Jerusalém, o objetivo máximo do anticristo e seus exércitos é "pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército” – i.e., contra Jesus e os Seus.
Mal nos descreve os oponentes, a batalha acaba. Cristo os vence com a espada afiada que sai de Sua boca (Ap 19.15) e, finalmente, julga as duas bestas da Tribulação, o falso profeta e o anticristo:
Os dois [falso profeta e anticristo] foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre. Os restantes foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves se fartaram das suas carnes. (Ap 19.20d,21)
O “lago de fogo” citado aqui é, no original grego, limnēn pyros – o geenna.
E o juízo associado à batalha continua nos primeiros versos do capítulo 20:
Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo. (Ap 20.1-3)
Isso resume a visão de João a respeito desses eventos. Zacarias concentra-se nos eventos terrenos e suas particularidades.
E como Zacarias descreve a batalha? Veja:
Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade, para o sul. Fugireis pelo vale dos meus montes, porque o vale dos montes chegará até Azal; sim, fugireis como fugistes do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá; então, virá o Senhor, meu Deus, e todos os santos, com ele. Acontecerá, naquele dia, que não haverá luz, mas frio e gelo. Mas será um dia singular conhecido do Senhor; não será nem dia nem noite, mas haverá luz à tarde. (Zc 14.4-7)
Haverá eventos geológicos (“o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande” – v. 4) e também cósmicos e climatológicos (“não haverá luz, mas frio e gelo. Mas será dia singular conhecido do Senhor; não será nem dia nem noite, mas haverá luz à tarde” – vv. 6,7).
Zacarias dirige-se àqueles em Israel que, como em várias partes do mundo e de muitas etnicidades, não aceitaram a marca da besta e creram apenas em Cristo Jesus:
Fugireis pelo vale dos meus montes, porque o vale dos montes chegará até Azal; sim, fugireis como fugistes do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá; então, virá o Senhor, meu Deus, e todos os santos, com ele. (Zc 14.5)
Aqueles descritos em Apocalipse 19.14 ("e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro") são descritos por Zacarias: "e todos os santos, com Ele" (Zc 14.5). São, portanto, os santos salvos que vêm com Cristo, para lutar ao lado do Senhor:
Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora. Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem. Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele. (Ap 17.12-14 – grifo acrescido)
Além da derrota em si, haverá outros juízos contra os exércitos do mal:
Esta será a praga com que o Senhor ferirá a todos os povos que guerrearem contra Jerusalém: a sua carne se apodrecerá, estando eles de pé, apodrecer-se-lhes-ão os olhos nas suas órbitas, e lhes apodrecerá a língua na boca. Naquele dia, também haverá da parte do Senhor grande confusão entre eles; cada um agarrará a mão do seu próximo, cada um levantará a mão contra o seu próximo. Também Judá pelejará em Jerusalém; e se ajuntarão as riquezas de todas as nações circunvizinhas, ouro, prata e vestes em grande abundância. Como esta praga, assim será a praga dos cavalos, dos mulos, dos camelos, dos jumentos e de todos os animais que estiverem naqueles arraiais. (Zc 14.12-15)
A carne dos combatentes do mal apodrecerá neles, enquanto ainda estiverem de pé, guerreando contra Deus. Os olhos dentro das órbitas ficarão podres, e suas línguas dentro de suas bocas da mesma forma. Os seus animais também sofrerão o mesmo dano. Além disso, ficarão confusos, de forma que matar-se-ão uns aos outros.
Após o combate, haverá coisas extraordinárias ali:
Naquele dia, também sucederá que correrão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental, e a outra metade, até ao mar ocidental; no verão e no inverno, sucederá isto. O Senhor será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o Senhor, e um só será o seu nome. Toda a terra se tornará como a planície de Geba a Rimom, ao sul de Jerusalém; esta será exaltada e habitada no seu lugar, desde a Porta de Benjamim até ao lugar da primeira porta, até à Porta da Esquina e desde a Torre de Hananel até aos lagares do rei. Habitarão nela, e já não haverá maldição, e Jerusalém habitará segura. (Zc 14.8-11)
Agora, Jerusalém estará sob o governo do prometido rei, Jesus. Ele a governará com justiça, diferente de todos os que ali a mal governaram. E julgará toda a terra por mil anos. Para entender isso melhor, precisamos voltar para Apocalipse, agora no capítulo 20.
SATANÁS É PRESO POR MIL ANOS
O capítulo 20 de Apocalipse começa onde o 19 acabou, com a derrota de satanás e seus súditos na batalha do Armagedom:
Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo. (Ap 20.1-3)
Satanás é preso logo após a batalha do Armagedom. O tempo de sua prisão é descrito, “mil anos” (v. 3). O abismo (no original grego, abyssou) é provavelmente o tártaro, uma prisão para os piores demônios. O mesmo local de onde vários demônios foram soltos para seguirem Abadom/Apoliom em sua tarefa de atormentar os humanos rebeldes por 5 meses no juízo da quinta trombeta (Ap 9.1-11).
O termo “diabo” (gr., diabolos – v. 2) significa “dado à calúnia, difamador, que acusa com falsidade”1. Isto é, um mentiroso que acusa falsamente.
A Escritura também refere-se ao diabo como “dragão” (v. 2) e “a antiga serpente” [do Éden] (v. 2). Outra referência ao diabo é satanás (1ª Tm 5.15; Mc 3.23; 2ª Co 11.14; Ap 20.7). Segundo Strong2, este termo tem origem no aramaico e significa “adversário (alguém que se opõe a outro em propósito e ação); nome dado ao príncipe dos espíritos maus, o adversário inveterado de Deus e Cristo; incita à apostasia de Deus e ao pecado; engana os homens pela sua astúcia”.
Todos esses termos descrevem o caráter maligno daquele que luta contra Deus e Seu povo
A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO
Depois da batalha do Armagedom e de satanás ser preso, uma série de eventos importantes é descrita por João:
Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos. (Ap 20.4-6)
João descreve tronos, nos quais sentaram-se aqueles a quem foi dada autoridade para julgar. E quem são estes? Ele responde no verso seguinte:
Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. (v. 4)
Ele separa as duas ações dos salvos ressurretos: (1) “tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade para julgar” e (2) “e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”.
O JULGAMENTO DAS NAÇÕES
Eles julgarão as nações com Cristo (para definir quem entrará no Milênio) e, no Milênio, reinarão com Cristo.
Na seqüência da prisão de satanás, haverá um julgamento, o julgamento das nações descrito em Joel 3.11-17:
Apressai-vos, e vinde, todos os povos em redor, e congregai-vos; para ali, ó Senhor, faze descer os teus valentes. Levantem-se as nações e sigam para o vale de Josafá; porque ali me assentarei para julgar todas as nações em redor. Lançai a foice, porque está madura a seara; vinde, pisai, porque o lagar está cheio, os seus compartimentos transbordam, porquanto a sua malícia é grande. Multidões, multidões no vale da Decisão! Porque o Dia do Senhor está perto, no vale da Decisão. O sol e a lua se escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor. O Senhor brama de Sião e se fará ouvir de Jerusalém, e os céus e a terra tremerão; mas o Senhor será o refúgio do seu povo e a fortaleza dos filhos de Israel. Sabereis, assim, que eu sou o Senhor, vosso Deus, que habito em Sião, meu santo monte; e Jerusalém será santa; estranhos não passarão mais por ela.
Este julgamento se aplica exclusivamente aos não salvos e não se refere à salvação, mas para definir quem poderá entrar no milênio e ter a chance de se arrepender e ser salvo. Será baseado no rechaço à marca da besta e à sua imagem.
O mesmo evento é descrito por Jesus em Mateus 25.31-46:
Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos? Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna.
Haverá, ao que parece, um grupo de pessoas que não aceitaram a marca da besta e adorar sua imagem, ainda que não se tenham tornado seguidoras de Cristo. Elas podem ter tratado bem os cristãos verdadeiros e, de algum modo, ajudado-os (Mt 25.34-40). Tais serão admitidos no reino milenar de Cristo. E poderão arrepender-se de seus pecados e serem salvos.
A leitura fluida dos versos 4, 5 e 6 de Apocalipse 20 revela-nos que antes do Julgamento das Nações haverá a segunda fase da primeira ressurreição. Nela são ressuscitados os crentes em Cristo que foram mortos pelo governo do anticristo durante a Tribulação. Eles recebem corpos glorificados, como os salvos no Arrebatamento da Igreja, e julgam as nações antes do Milênio. Irão juntar-se aos demais salvos, que o foram pelo Arrebatamento antes da Tribulação, para reinar com Cristo no Milênio.
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1 1228 de STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.
2 idem, 4567.




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