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Eu não serei lembrado

  • Gile
  • 19 de jun. de 2018
  • 1 min de leitura

Atualizado: 12 de fev. de 2022

(Eclesiastes 7.1-4; 9.5)

Eu não serei lembrado Pelas glórias dos meus dias Ou pelos meus fracassos. Pelos atos de bondade Ou sacrifícios pessoais. Por ações de generosidade Ou momentos de raiva incontida.


Eu não serei lembrado Como o mais eloqüente de todos Ou o mais bem relacionado. Não serei rememorado Como aquele que fez o impossível Ou mesmo ações extraordinárias.

Não haverá memória a meu respeito

Pelas histórias

Que contei, vivi ou sonhei.

Nem pelos anos planejados,

Que ao fim deram errado!

Pelas conquistas ou fracassos,

Riso ou pranto.

Ninguém,

Em tempo ou lugar algum, Recordará de mim

Por aquilo que vesti, possuí

Os zeros à direita

Em minha conta bancária.


Eu não serei lembrado,

Nesta terra amaldiçoada, Apenas poucas décadas Após o coveiro sufocar minhas memórias com sua indiferente e fria pá, Enterrando, assim,

Sonhos e lampejos de esperança.

Eu não serei lembrado

Por aqueles que não conheci, Nem pelos que não me conheceram. Serei apenas o estranho Cuja foto desbotada Decora a velha e desgastada lápide No cemitério do esquecimento.

Quando as portas dos céus se abrirem E eu, silenciosamente,

Deixar o mundo do agora; Não haverá memória de quem fui.

Logo, serei o mais novo habitante Do superpopuloso esquecimento. Farei companhia

A outros tantos esquecidos Cujas passagens por esta terra São agora reservadas

Ao espaço esquecido no além.

Enfim – um dia –

Eu não serei lembrado.




19 de Junho de 2018

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