Solitudinis
- Gile
- 25 de set. de 2018
- 1 min de leitura
Atualizado: 11 de set. de 2023
(Eclesiastes 2.17; 12.13,14)

Cá estou, no canto silencioso. Calo-me e fecho os olhos, Ouço o doce som
Das gotas colidindo. A brisa a cantar, Seu repertório a acalmar. Nunca se está só, Não de verdade. De verdade, sempre há companhia; Nem sempre humana, Nem sempre bem recebida. O caos pode ser silenciado,
Esquecido. Posso calar seu som, Já não me chega aos ouvidos. De todas as companhias, Nenhuma me consola. Ao mundo todo dei às solas. Mal nele entrei,
E já me vou embora. Entro no recôndito do coração E fecho a porta. Lá, há tanto silêncio
Que me incomoda. O som perturba. Já seu irmão,
O silêncio sepulcral, Há quem o ignora. A bolha do existir
Isola em redes, Fabricando convivência artificial: Solitudinis, solitudo, solitus E vazio. Não é este o ciclo em voga, Nasce, cresce e chora? Morre e não vive –
Abandona o agora. Vive esperando,
E a espera, acabando, Subitamente interrompe A expectativa voando. Não há, e nem haverá, Nada além do agora. Amanhã, choverá? Abre a porta e vê lá fora. Senta em seu canto e chora. A alma angustia
Com a tortura das solas. Anda, anda e o vento transborda. Correndo atrás de intentos, Vivendo a morte
Antes de ir embora. Ou em má hora,
Pois não viveu, existiu. Chorou e foi só. Só foi como viveu,
Culpa também De quem não o acolheu Pois sozinho escolheu Viver em sua bolha, Que chamou de agora. E nunca quis conhecer Como era viver lá fora.
25 de Setembro de 2018




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