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Perseguição ao Tempo

  • Gile
  • 18 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 11 de out. de 2020


O tempo é implacável E escorre pelos dedos. A ampulheta segue em riste Sua corrida invisível. Esmurra o cronômetro, Salta em desespero Sobre o abismo do momento. Avisa que a vida É o fim desta jornada. Logo, logo ela acaba. E não há nada que permaneça. Nem mesmo estas palavras. As mesmas que se encerram Antes mesmo que se libertem Da invisível prisão, O tempo que corre em vão. O carcereiro é volúvel. Seu nome é Inútil. Ele corre em movimento Frenético e fútil. E, sem sair do lugar, Pensa ir muito distante. Mas, depois de um instante, Percebe quão inútil É a corrida constante. Se a nenhum lugar se vai, Por que a pressa nos atrai? Atrevido, o prisioneiro Pergunta a Inútil Onde tão ansiosamente vai. Ele se distrai com fútil devaneio. Ato constante de um moribundo, Destinado a morte Anunciada pelo constante movimento Do ponteiro dos segundos. E responde que repita a pergunta, Pois distraiu-se por um momento Com preocupações sobre o futuro. "Não tenho tempo para responder”, Afeta senhor Inútil. "O tempo é escasso. Tão raro, que nem na vida Me aprofundo. Vivo sempre o amanhã. E nunca - hoje - Respiro fundo". Ele dá meia-volta, E segue sua apressada jornada. "Amanhã, é um dia longo. Tenho muitas coisas Para fazer nesse dia. Tantas, tantas que preciso Programar hoje O amanhã que ainda O sol não trouxe". "Se o tempo não o trouxer, Não haverá problema. Em qualquer caso, Quero estar pronto. E não ser pego despreparado Pelo dia de amanhã, Se ele vier por acaso". E assim segue perseguindo; Correndo freneticamente, Até, finalmente, Algum dia, alcançar o ponteiro dos segundos! Nunca cessa, Nem mesmo por um momento, Sua eterna corrida De perseguição ao tempo!

12/07/2020

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