Enquanto eu me ia
- Gile
- 28 de dez. de 2020
- 2 min de leitura

Enquanto eu morria,
As nuvens dançavam lentamente
logo acima de nossas cabeças.
Ao som da brisa
E do céu azul límpido.
Em sinfonia de cores,
O Sol pairava no horizonte
Em despedida emocionada.
As folhas embaladas pela mesma brisa
Compunham a linda sinfonia da despedida.
Meus olhos brilhavam,
Refletindo os tons de azul e verde
De um lindo mundo
Que inspirou por belos anos.
Sobrou-me a lembrança
Dos dias coloridos,
Das noites pontuadas de estrelas
Num céu de veludo azul infinito.
E as nuvens que coroaram a beleza
Da noite profunda e escura.
As lembranças dissolveram-se pelo ar,
Enquanto eu me ia além do véu azul.
Uma suave vinheta
Obscureceu, lentamente, minha visão.
E me desfiz, pouco a pouco,
Em direção ao infinito, ao desconhecido.
Subitamente, uma boa sensação me tomou,
Um repouso de dias cansativos,
De más lembranças, de dores e angústias.
Tudo foi embora no momento em que
Também me ia.
Ia eu, minha vida, personalidade,
Meus sentimentos, meu amor,
Minha saudade,
Meus dias mal vividos,
Meu contentamento,
Reflexões e pensamentos.
Tudo se ia, lenta e suavemente,
Como bolhas de sabão subindo
Até se romperem no espaço além.
E o que ficou lá
Já não era eu.
Minha antiga casa
Era só uma casa.
Fui morar em outro lugar.
Agora, já não sou quem era,
E ainda sou melhor.
E não sinto mais dor.
Já não me esqueço de quem sou.
Sou Daquele que me amou.
Nasceu e morreu por mim.
Viveu e ensinou-me
A viver como Ele viveu assim.
E com Ele, e para Ele,
Estou feliz para sempre.
Enquanto eu morria,
Você sorria
Sabendo que minha partida
Não era vazia.
Pois não me ia
A lugar sombrio e esquecido,
Mas aos braços do amado Pai.
Que de amor nos chamou
Desde Sua morada
No infinito do véu além.
Meu lugar ficou vazio.
Lembranças foi o que restou
De quem eu fui,
Na verdade, de quem sou.
Não deixei de ser
Só mudou meu ser
De casa.
Uma melhor e mais alta,
Perfeita como o momento,
Que vivo eternamente.
Como o fraque que a festa digna,
Minha nova morada é mais bela,
Eterna e infinita.
Não me procure onde eu estava.
Meu antigo lugar pode ser seu,
Ou de qualquer outro.
Pois já não é meu.
Em verdade, nunca foi.
Não é de ninguém,
Pertence ao tempo
E àquele a quem ele o der,
mas só por um momento.
Um tempo que chamamos de vida.
A que se foi
No dia da minha partida,
Da definitiva despedida.
Tudo isso habitou minha mente.
Rapidamente, tomou meus pensamentos.
Coloriu meus últimos momentos.
E teceu de profunda esperança
Os instantes de minha partida.
Em meio a noite escura e sombria,
Enquanto eu me ia.
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